É a vacina chinesa Convidecia, do Laboratório CanSino. A Anvisa inormou que a análise da documentação foi iniciada e que no momento está sendo feita a triagem para verificar se todas as informações para avaliação foram devidamente apresentadas.
Segundo a Anvisa o pedido foi feito pela empresa Belcher Farmacêutica, representante do laboratório chinês CanSino Biologics no Brasil. A agência tem sete dias úteis desde o recebimento do pedido nesta quarta-feira (19) para se manifestar sobre o pedido, caso todos os requisitos legais tenham sido cumpridos pela empresa solicitante.
O imunizante é produzido a partir de um adenovírus humano não replicante e foi desenvolvido em parceria com a academia de Ciências Médicas Militares da China. A vacina é oferecida em apenas uma dose e, de acordo com o laboratório, os ensaios clínicos da Convidecia foram desenvolvidos no Paquistão, na Rússia, no Chile, na Argentina e no México.
Sobre esta nova vacina, a Sputnik Brasil conversou com o médico epidemiologista Fernando Barros, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), no Rio Grande do Sul.
Ele disse que o imunizante é uma produção chinesa, com colaboração canadense, com eficácia em torno de 65%. "Nós não temos a publicação dos resultados de fase 3, esse é o relato do laboratório. Mas nós sabemos que alguns países já aprovaram a utilização do imunizante e já o estão usando em suas populações".
Vacina de dose única
A vacina da CanSino é aplicada em dose única a partir de adenovírus humano não replicante. Barros explicou que isso significa que eles são inativados por processos genéticos, com algumas partes do vírus sendo retiradas de maneira que eles não podem se replicar.
"A questão da dose única é interessante, pois é uma vantagem grande. A Janssen já tem essa vacina desde o início com a dose única, a Sputnik V também agora deve ser lançada em uma versão de dose única, chamada de light. Porque na verdade a vacina russa é complicada, são duas vacinas, cada uma delas tem um adenovírus diferente, então a produção é muito complicada".
O laboratório CanSino, segundo o epidemiologista, acena com a possibilidade de uma segunda dose depois de seis meses, algo que a Janssen também está dizendo. "Então essas vacinas de dose única, é muito possível que se transformem em de dose dupla, assim como as vacinas de duas doses, como a da própria Pfizer, tenham que ser reforçadas depois de seis meses ou um pouco mais".
Diferença de eficácia das vacinas
Muitos países esperam concluir a imunização da população até o final do ano empregando os imunizantes de dose única. Barros assinalou que o importante será ver como é que a imunidade da população vai se manter e se será necessário a aplicação de uma outra dose.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto aponta as falhas do governo federal na aquisição de vacinas contra a COVID-19, mas acredita que, em um cenário otimista, seja possível concluir a imunização antes do fim do ano https://t.co/K1gpaDCQch
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) May 15, 2021
"Essas pessoas já vão ter uma imunidade razoável. A eficácia dessa vacina que está sendo proposta de 65%, mais ou menos como a da Janssen, bem menos do que a da Pfizer e da Moderna, mas que promove alguma imunidade, uma dose única possibilita que uma população grande seja humanizada", explicou o especialista;
E isso sem todos os problemas logísticos da volta para a segunda dose, como está acontecendo no Brasil, segundo ponderou Barros, que completou dizendo que no país o problema é a falta de vacina, pois o SUS tem a capacidade de fazer a imunização com duas doses.
"Então, o que está acontecendo é que as vacinas estão sendo iniciadas, estão sendo empregadas, e nós estamos testando então no campo a efetividade delas e o que que vai acontecer a seguir. O que precisamos agora é muita vacina para todo mundo então. Espero que a Anvisa aprove a utilização dessa vacina da CanSino, porque é mais uma opção para a população brasileira, porque nós continuamos com muita infecção e altíssima mortalidade. Então temos que ter os cuidados de afastamento social e ao mesmo tempo vacinar maciçamente", finalizou o epidemiologista.