Cerca de dois milhões de barris de petróleo bruto iraniano foram vendidos pelos EUA após terem sido "importados" para o estado norte-americano do Texas em março, mostram dados divulgados pela Administração de Informações de Energia (EIA) dos EUA.
De acordo com documentos a que a agência AP teve acesso, a remessa incomum pode estar ligada à carga iraniana apreendida pelos EUA do navio-tanque MT Achilleas na costa dos Emirados Árabes Unidos no começo do ano.
De acordo com o relatório, o Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês), que Washington designou como organização terrorista durante a presidência de Donald Trump, teria usado o petroleiro de bandeira liberiana em uma tentativa de vender o petróleo para a China, rotulando-o como "petróleo leve de Basra" do Iraque.
As autoridades norte-americanas confiscaram a carga citando leis antiterroristas e enviaram para o Texas, onde pouco mais de dois milhões de barris de petróleo que estavam a bordo do navio foram vendidos por US$ 110 milhões (aproximadamente R$ 574 milhões), de acordo com os documentos citados.
Por enquanto, o dinheiro da transação será mantido "em custódia", observou a mídia.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Saeed Khatibzadeh, afirmou nesta segunda-feira (31) que "não tinha detalhes" sobre o caso, mas acrescentou que "desde a época do ex-presidente norte-americano Bill Clinton nenhum petróleo foi comprado do Irã por causa de suas [dos EUA] leis".
Sanções norte-americanas
No começo do ano, os EUA venderam mais de um milhão de barris de combustível iraniano apreendidos no ano passado sob seu programa de sanções contra o país persa.
As apreensões são parte das sanções econômicas de Washington a Teerã impostas após Donald Trump ter retirado os EUA do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), em 2018.
As exportações de petróleo do Irã caíram após as sanções, mas Teerã espera que atual presidente norte-americano, Joe Biden, relaxe as restrições após os EUA voltarem ao acordo nuclear.