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'Problema nevrálgico', diz professor sobre Brasil ter uma das menores taxas de investimento do mundo

© Folhapress / Lucas Lacaz RuizFábrica da montadora de veículos Volkswagen, em Taubaté (SP)
Fábrica da montadora de veículos Volkswagen, em Taubaté (SP) - Sputnik Brasil, 1920, 31.05.2021
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O economista Mauro Rochlin, professor dos cursos de MBA da Fundação Getulio Vargas, explica à Sputnik Brasil porque o Brasil tem uma das menores taxas de investimento no mundo e como o país pode reverter esse cenário.

A taxa de investimentos no Brasil teve a pior década em meio século e, em 2020, ficou bem abaixo da média observada em países emergentes ou nas economias da América Latina, como Chile e Argentina, mostra estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

Em conversa com a Sputnik Brasil, o economista Mauro Rochlin, professor dos cursos de MBA da FGV, explica porque o Brasil tem uma das menores taxas de investimento no mundo e comenta o que pode e deve ser feito para reverter esse cenário.

Identificando os problemas

O economista afirma que há diversos fatores para explicar o baixo investimento no país na última década, mas destaca o custo de logística, tributação na produção, a insegurança jurídica e a burocracia como os principais motivos.

© Foto / Marcello Casal Jr / Agência BrasilFachada do Ministério da economia na Esplanada dos Ministérios, em Brasília
'Problema nevrálgico', diz professor sobre Brasil ter uma das menores taxas de investimento do mundo - Sputnik Brasil, 1920, 31.05.2021
Fachada do Ministério da economia na Esplanada dos Ministérios, em Brasília
A primeira razão é "o custo de logística muito pesado", com a malha viária do Brasil sendo "insuficiente, deficiente". Além disso, portos e aeroportos "estão muito estrangulados" e isso tudo gera "um custo de logística muito pesado".

Em segundo lugar, Rochlin comenta que a tributação no Brasil incide muito fortemente em cima da produção, diferentemente de países de economia avançadas, onde a tributação foca mais sobre o consumo. "Esse é um ponto que joga contra o investimento", afirma.

Além disso, O especialista destaca que a estrutura legal do Brasil, não raramente, é alterada, às vezes de forma abrupta, e essa instabilidade jurídica leva à insegurança jurídica. Por fim, Rochlin sublinha que a burocracia se traduz em um elevadíssimo custo.

Efeitos do baixo investimento

O professor da FGV afirma que menos investimento significa menos emprego e destaca que mesmo antes da pandemia do novo coronavírus a taxa de desemprego já era muito elevada.

"Menos investimento significa mais adiante menos renda, significa menos impostos, [e] menor condição para o Estado atuar. A queda do investimento hoje significa a queda do PIB de amanhã […]. [Esse] é um problema nevrálgico, crucial com relação ao funcionamento da economia, sem investimento não há futuro", alerta Rochlin.

© Folhapress / Denny CesareMovimento em agência de emprego em Campinas, no interior de São Paulo, no dia 7 de abril de 2021
'Problema nevrálgico', diz professor sobre Brasil ter uma das menores taxas de investimento do mundo - Sputnik Brasil, 1920, 31.05.2021
Movimento em agência de emprego em Campinas, no interior de São Paulo, no dia 7 de abril de 2021

Como enfrentar o problema

Para uma retomada vigorosa do investimento no país, o economista acredita que serão necessárias um conjunto de medidas, entre as quais salienta cinco: investimento maior em infraestrutura, investimento público em educação, programa de privatização e reforma tributária e administrativa.

"Se investíssemos pesado em termos de estrutura energética, transporte, armazenamento, tudo isso ajudaria demais a reduzir o chamado custo Brasil e, consequentemente favorecer o investimento", afirma.

O investimento público em educação seria muito bem-vindo porque mais educação resulta em mais produtividade amanhã. Além disso, promove mobilidade social, explica Rochlin.

Um "programa sério de privatização" de empresas estatais poderia não só favorecer e estimular investimento, mas também trazer dinheiro de fora.

Por fim, uma reforma tributária "poderia mudar a lógica da incidência do imposto sobre a produção e direcioná-lo sobre o consumo" e uma reforma administrativa "ajudaria sobremaneira a se utilizar recursos de uma forma mais eficiente e reduzir custo fiscal", conclui o professor.

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