O Qatar continua funcionando como uma espécie de mediador entre Gaza e Israel, apoiando ações de paz, bem como facilitando a chegada de ajuda monetária a Gaza.
De acordo com um relato do jornal libanês Al-Akhbar, na sexta-feira (4), o movimento Hamas ameaçou voltar a bombardear Israel com foguetes, caso o último não deixe passar a ajuda financeira enviada pelo Qatar para a Faixa de Gaza na próxima semana.
"As provocações de Israel contra Gaza e seus pobres cidadãos, que deveriam receber dinheiro do Qatar, tendem a aumentar as tensões e o conflito", disse uma fonte não identificada do Hamas ao jornal, acrescentando que "se isso não acontecer, será necessária uma decisão importante em relação ao cessar-fogo mútuo".
Na terça-feira (1o), Lolwah Al-Khater, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Qatar, disse que o país ia alocar cerca de US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,5 bilhões) para ajudar na reconstrução de mais de 45 mil casas destruídas na Faixa de Gaza, após 11 dias de conflito militar.
O líder do Hamas, Yahya Sinwar, tinha informado que o grupo não aceitaria ajuda internacional ocidental para a reconstrução de Gaza, dizendo que tem "recursos financeiros suficientes, uma grande parte dos quais vem do Irã, e outra parte vem de doadores árabes e muçulmanos, e pessoas livres no mundo que estão solidárias com nosso povo e nossos direitos".
Contudo, não seria a primeira vez que o apoio econômico vindo do Qatar seria bloqueado pelo Estado hebraico. Em 2018, o Qatar começou a enviar carregamentos de diesel para Gaza, de modo a manter operacional a única usina elétrica do enclave, o que permitiria aumentar o número de horas de eletricidade por dia na Faixa de Gaza.
No entanto, por várias vezes, Israel bloqueou esses carregamentos de chegarem ao seu destino. O Qatar, por sua vez, também os reduziu como uma alavanca nas disputas com o Hamas sobre projetos de construção, acabando por criar até algum ressentimento.