O artigo detalhava que seis aeronaves da Força Aérea russa teriam entrado no espaço aéreo soberano da Irlanda no ano passado, o que se revelou ser completamente falso.
O jornalista responsável pelo texto criticado, John Mooney, alegou que "seis aeronaves russas foram detectadas pelas forças aéreas europeias e da OTAN ao largo da costa oeste da Irlanda" em março de 2020, apesar das aeronaves em causa terem, na verdade, voado em espaço aéreo internacional.
Em particular, Mooney descreve a alegada incursão de aeronaves antissubmarino, aviões de retransmissão de comunicações e de bombardeiros Tu-160 Blackjack (na designação OTAN).
"Aviões militares russos muitas vezes voam ao largo da costa oeste [da Irlanda] sem comunicarem com o controle de tráfego aéreo ou preencherem um plano de voo", dizia no artigo. "A presença das aeronaves ao largo da costa oeste causou grandes dificuldades para o controle de tráfego aéreo irlandês".
No entanto, os incidentes descritos por Mooney não teriam ocorrido no espaço aéreo soberano da Irlanda, mas dentro da Região de Informação de Voo (FIR, na sigla em inglês), que se estende por várias centenas de milhas marítimas, segundo RT News.
É importante perceber as diferenças cruciais entre ambos os espaços aéreos – o espaço aéreo soberano irlandês termina a 12 milhas marítimas (19 quilômetros) de sua costa, enquanto que a FIR é simplesmente uma zona sob responsabilidade do Controle de Tráfego Aéreo irlandês.
Outro fator que alimentou ainda mais as críticas contra The Times, pela publicação deste artigo, foi o fato de o mesmo mencionar Declan Power, especialista em Defesa e Segurança e ex-militar irlandês, que, por sua vez, pressiona por um maior investimento militar e uma maior cooperação entre Dublin e a OTAN.
Porém, Steffan Watkins, especialista canadense que se dedica a desmentir desinformações sobre aviões e navios, refere que esta não é a primeira vez que a mídia britânica publica uma história desta natureza.