Uma equipe internacional de cientistas concluiu que a quantidade de água presente na atmosfera de Vênus é tão baixa que nem sequer os micróbios mais tolerantes à seca da Terra poderiam sobreviver nela, segundo novo estudo.
Os resultados parecem contradizer a pesquisa publicada em 2020 por outro grupo de cientistas, que informou sobre a descoberta de gás fosfina (PH3) nas nuvens de Vênus, um dos potenciais marcadores biológicos, e substâncias químicas que podem evidenciar a presença de organismos microbianos.
O novo estudo, publicado na revista Nature Astronomy, analisou dados de diversas sondas espaciais enviadas a diferentes planetas do Sistema Solar e que sobrevoaram a atmosfera de Vênus, coletando dados sobre a temperatura, umidade e a pressão nas espessas nuvens de ácido sulfúrico que cercam este planeta.
As observações do telescópio Gemini, do Hubble e da sonda espacial Juno revelaram imagens inéditas e incríveis de Júpiter https://t.co/NYKbZt6Vql
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) May 12, 2021
A partir destes dados, os cientistas calcularam a chamada atividade da água e a pressão do vapor d'água dentro das moléculas nas nuvens.
"Quando observamos a concentração efetiva de moléculas d'água nestas nuvens, descobrimos que era 100 vezes mais baixa para que sobrevivessem, inclusive os organismos terrestres mais resistentes", afirmou o microbiólogo John Hallsworth, da Universidade Queen de Belfast e autor principal do estudo.
O especialista ainda afirmou que, na Terra, os microrganismos podem sobreviver e proliferar em gotas d'água na atmosfera a temperaturas de até -40 graus Celsius e uma atividade d'água de ao menos 0,585. Ora, o nível de atividade nas nuvens de Vênus é de 0,004.
Chances de haver vida em Júpiter
Entretanto, os pesquisadores também analisaram dados de outros planetas e descobriram que as nuvens de Júpiter fornecem atividade suficiente d'água e temperatura para teoricamente sustentar a vida.
"Júpiter parece muito mais otimista [...] Há ao menos uma camada de nuvens de Júpiter onde se cumprem os requisitos d'água", afirmou o astrobiólogo da NASA Chris McKay, coautor do estudo.
Porém, os altos níveis de radiação ultravioleta ou a falta de nutrientes poderiam impedir que a vida potencial prospere em Júpiter, e então, mais medições seriam necessárias para determinar se realmente poderia abrigar seres vivos.
Hallswoth adicionou que esta técnica utilizada para calcular a atividade d'água poderia ajudar a determinar a habitabilidade dos exoplanetas.