Um manual recém-divulgado do Pentágono sobre operações nucleares alertou sobre um "potencial maior" de conflito envolvendo o uso de armas nucleares devido ao aumento de estoques nucleares e ao constante aprimoramento da sofisticação dos sistemas de distribuição nuclear.
O documento "Publicação Conjunta 3-72, Operações Nucleares Conjuntas", foi apresentado em abril de 2020 pelo Estado-Maior Conjunto dos EUA (JCS, na sigla em inglês) e publicado na íntegra pela Federação de Cientistas Americanos (FAS, na sigla em inglês) esta semana com base na Lei de Liberdade de Informação.
O relatório aponta para a modernização dos arsenais nucleares da Rússia e da China e para os esforços bem-sucedidos da Coreia do Norte para criar sistemas de lançamento de mísseis capazes de atingir o território continental dos Estados Unidos.
Ainda segundo o documento, Pequim criou uma nova versão móvel estratégica de ogivas múltiplas de seu míssil nuclear DF-5 baseado em silo, enquanto sua última geração de submarinos de mísseis balísticos foi armada com novas armas nucleares. O país asiático também continuaria a trabalhar em um novo bombardeiro estratégico com capacidade nuclear.
O Irã, de acordo com o documento, pode construir uma bomba nuclear em um ano se realmente quiser.
O manual também afirma que, embora Washington tenha procurado negociar reduções nos estoques nucleares desde 2010, "nenhum adversário em potencial reduziu o papel das armas nucleares em sua estratégia de segurança nacional ou o número de armas nucleares em campo".
"[...] Como resultado, há um potencial maior para conflitos regionais envolvendo adversários com armas nucleares em várias partes do mundo e o potencial para uma escalada nuclear adversária em crise ou conflito", afirma parte do texto.
Entretanto, vale lembrar, que foram os Estados Unidos que retiraram o país de tratados nucleares e financiaram a expansão de seu arsenal nuclear e capacidade de entrega a níveis muito além dos de seus adversários em potencial.
Washington retirou-se do Tratado de Mísseis Antibalísticos em 2002, saiu do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês) em 2018, cancelou o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário em 2019 e ameaçou, no final de 2020, não prorrogar o Tratado Novo START com a Rússia. O acordo sobre a renovação do documento foi alcançado no governo Biden, mas só por cinco anos.