O governo mexicano, durante a gestão do ex-presidente Peña Nieto, de 2012 a 2018, contratou no mesmo período o Tech Bull Group para adquirir tecnologia de espionagem, que inclui um contrato do software Pegasus por US$ 32 milhões (R$ 167 milhões), que foram transferidos para o NSO Group, empresa israelense responsável pelo desenvolvimento do software.
As informações foram confirmadas em uma coletiva de imprensa hoje (21) efetuada pelo diretor da Unidade de Inteligência Financeira do México, Santiago Nieto.
"O Tech Bull Group contratou, durante 2014, com a Procuradoria-Geral da República [...] o software Pegasus, um malware para fins de espionagem telefônica em um contrato de R$ 32 milhões, desenvolvido pela empresa israelense NSO Group, para a qual os recursos acabaram sendo repassados" disse Nieto.
#EnLaMañanera | Durante la #ConferenciaPresidente se explica que Pegasus no ha sido el único servicio que se ha utilizado en México para espionaje. #yn https://t.co/W9l1XS1bfZ pic.twitter.com/0CHqXU91rp
— La Silla Rota (@lasillarota) July 21, 2021
As informações sobre os contratos relativos ao caso Pegasus, que se encontram nos arquivos do governo federal, serão entregues à Procuradoria-Geral da República (FGR, na sigla em espanhol), de acordo com o diretor.
Nieto também revelou informações sobre outras compras de equipamentos e tecnologia às empresas Aeronautic Ltd, Aerocentinel Ltd entre outras firmas que receberam recursos do Tech Bull Group, o qual também enviou dinheiro "para outras companhias em Israel e na Itália, onde essas empresas estão sediadas".
Ontem (20), o presidente do México, López Obrador, disse ser "vergonhoso" que tenha sido espionado pelo governo anterior (de Peña Neto), conforme noticiado.
Segundo Obrador, "os governos anteriores possuíam equipamentos sofisticados para ouvir todos os telefonemas, não só da pessoa que era alvo, mas de todos ao seu redor, é claro que me espiaram por um ou dois anos, muitos mais [...]".
No domingo (18), veio à tona uma investigação aprofundada realizada por 17 grandes organizações de notícias internacionais afirmando que a firma cibernética israelense, NSO Group, vendeu malware de celular usado para atingir jornalistas, ativistas e políticos em mais de 50 países.
O malware é capaz de espionar o celular, monitorando remotamente as comunicações de SMS, voz e vídeo, e coletando informações de localização GPS.