Durante entrevista à emissora americana PBS, o premiê paquistanês afirmou que sua opinião antes havia sido criticada.
"E pessoas como eu que continuavam dizendo que não há solução militar, que conhecem a história do Afeganistão, fomos chamados - pessoas como eu foram chamadas de antiamericanas. Fui apelidado de Talibã Khan", disse.
O premiê lamentou o fato de que, quando os EUA pareceram prontos para uma solução política no Afeganistão, já haviam perdido seu "poder de barganha", pois o número de tropas da OTAN já havia sido reduzido para cerca de 10.000.
Mesmo assim, afirmou, já que a "solução militar" do conflito falhou, um governo inclusivo envolvendo um acordo de partilha de poder com Cabul seria o "melhor desfecho".
"Então, os talibãs se sentam com o outro lado e formam o governo inclusivo. Este é o melhor desfecho", declarou o premiê paquistanês.
"Não há mais nada que possamos fazer, a não ser pressioná-los o máximo que pudermos para um acordo político. Isso é tudo", reiterou.
Ele também rejeitou as alegações de que o Paquistão está fornecendo apoio militar, logístico e financeiro aos combatentes talibãs na luta contra as Forças da Segurança Nacional do Afeganistão, como alegado pela administração do presidente Ashraf Ghani.
"Estimativas de inteligência indicam a entrada de mais de 10.000 jihadistas [no Afeganistão] vindos do Paquistão e de outros lugares no último mês", alegou o presidente afegão Ashraf Ghani perante o primeiro-ministro paquistanês em uma conferência em Dushanbe, em 16 de julho.
Por sua parte, Khan declarou que as autoridades do Afeganistão devem apresentar provas de suas alegações.
"Quando eles dizem que o Paquistão proporcionou refúgios seguros, santuários ao Talibã [organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países], onde estão esses refúgios?", perguntou.
"Quando dissemos que há três milhões de refugiados afegãos no Paquistão que são, a propósito, o mesmo grupo étnico que os talibãs, os pashtuns, agora temos campos de meio milhão de pessoas", apontou, questionando como esses campos de refugiados poderiam ser chamados de "santuários".
Os Estados Unidos se comprometeram a retirar suas tropas do solo afegão até 31 de agosto deste ano, com o processo começando em 1º de maio. Recentemente o Comando Central dos EUA anunciou que 90% das forças já tinham sido retiradas da região.
No entanto, o processo de retirada é acompanhado por uma ofensiva do Talibã, com os insurgentes islâmicos afirmando controlar quase 85% do território do Afeganistão e 90% de suas fronteiras, incluindo as do Tajiquistão, Uzbequistão, Turcomenistão e Irã.