A União Europeia (UE) deve intervir imediatamente e não permitir que a Rússia e a China assumam o controle da situação no Afeganistão e se tornem os principais atores em Cabul, disse o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell nesta quinta-feira (19).
"O que não podemos fazer é deixar os chineses e russos assumirem o controle da situação [...]. Poderíamos nos tornar irrelevantes", disse Borrell a uma comissão do Parlamento Europeu e citado pela agência AP.
O chefe da diplomacia da UE criticou o presidente dos EUA, Joe Biden, por minimizar o compromisso com a construção de uma nação no Afeganistão. Borrell insistiu que incutir o estado de direito e alcançar direitos básicos para mulheres e minorias eram objetivos da intervenção militar ocidental no país, juntamente com o objetivo inicial de acabar com terrorismo na região.
"Presidente Biden disse no outro dia que nunca foi o propósito, [que] construir um Estado não era o propósito. Bem, isso é discutível [...]. Vinte anos depois, você pode dizer que podemos ter conseguido sucesso na primeira parte da nossa missão, mas falhamos na segunda."
As declarações foram dadas durante uma reunião para definir as próximas ações do bloco europeu e Borrell observou que espera trabalhar em estreita colaboração com os EUA para intensificar os esforços diplomáticos.
O alto representante do bloco considerou a situação no Afeganistão uma "catástrofe", que o ressurgimento do Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) é um "pesadelo" e que Bruxelas agora tem que enfrentar uma "dolorosa realidade no terreno".
Evacuação de Cabul
O chefe da diplomacia da UE afirmou que 106 funcionários das delegações do bloco europeu e suas famílias deixaram com segurança o Afeganistão e chegaram em Madri, Espanha, enquanto pelo menos 300 permanecem em Cabul.
"Ainda há 300 mais funcionários afegãos das delegações da UE bloqueados nas ruas de Cabul tentando chegar ao aeroporto e tentar embarcar em alguns dos voos dos Estados-membros da UE", disse Borrell.
O chefe da diplomacia da UE concluiu afirmando que essas pessoas "promoveram e defenderam os interesses e valores da UE no Afeganistão ao longo de muitos anos" e que o bloco europeu tinha o dever moral de "protegê-los e salvar o maior número possível de pessoas".