Ex-agente do FBI: sequestradores do 11/9 tiveram apoio de agentes sauditas dentro dos EUA
15:41 06.09.2021 (atualizado: 13:36 20.11.2021)
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"Vários" agentes da Arábia Saudita participaram do ataque terrorista, de acordo com Danny Gonzalez, que trabalhou no Departamento Federal de Investigação (FBI, na sigla em inglês) dos EUA nos meados dos anos 2000.
Pelo menos duas das 19 pessoas que sequestraram aviões a jato e os fizeram se chocar com prédios em 11 de setembro de 2001 receberam assistência de uma rede de apoio saudita sediada nos Estados Unidos, alegou na sexta-feira (3) Danny Gonzalez, ex-agente do Departamento Federal de Investigação (FBI, na sigla em inglês) dos EUA.
Gonzalez diz que trabalhou na Operação Encore, uma investigação de inteligência do FBI criada nos meados dos anos 2000. Ela estava encarregada de investigar as atividades prévias de Nawaf al-Hazmi e Khalid al-Mihdhar, dois sequestradores do ataque de 11 setembro que viviam em San Diego, Califórnia, EUA. O ex-funcionário do FBI contou à CBS News que "19 sequestradores não podem cometer 3.000 assassinatos em massa sozinhos".
O agente veterano, que agora trabalha para as famílias das vítimas do 11 de setembro buscando a desclassificação de documentos que revelam a extensão do possível papel da Arábia Saudita nos ataques, disse à emissora que "você não precisa ser um agente do FBI com 26 anos de experiência para entender" que os terroristas tinham apoio.
Segundo Gonzalez, "vários" cidadãos sauditas, incluindo Omar al-Bayoumi, um suposto agente da inteligência saudita, ajudaram Hazmi e Mihdhar. Bayoumi supostamente os encontrou "ao acaso" em um restaurante em Los Angeles, Califórnia, EUA, e os exortou a se mudarem para San Diego.
Lá, alega o ex-agente, Bayoumi ajudou os homens a encontrar um apartamento e abrir uma conta bancária, com os futuros sequestradores continuando o treino para pilotar aviões em uma escola de voo próxima. Os dois homens se tornariam dois dos cinco terroristas que pilotaram um avião para o Pentágono.
© AP Photo / Richard DrewFumaça proveniente das Torres Gêmeas em chamas do World Trade Center depois que aviões sequestrados se chocaram contra as torres, em Nova York, 11 de setembro de 2001.
Fumaça proveniente das Torres Gêmeas em chamas do World Trade Center depois que aviões sequestrados se chocaram contra as torres, em Nova York, 11 de setembro de 2001.
© AP Photo / Richard Drew
Ken Williams, outro ex-agente do FBI agora trabalhando com as famílias do 11 de setembro, advertiu seus superiores em um memorando anterior ao 11/9 sobre possíveis terroristas tomando aulas de voo no Arizona.
"A evidência está lá, eu as vi. Mas não posso entrar nos detalhes por causa da ordem de proteção", explicou Williams. Gonzalez tem uma ordem de silêncio semelhante.
Os dois ex-agentes garantiram que o entendimento dos norte-americanos sobre os eventos do 11 de setembro mudaria se os registros da Operação Encore pudessem ser liberados.
Responsabilidade pelo 11 de setembro
A Arábia Saudita negou fortemente qualquer envolvimento nos ataques do 11 de setembro, e Bayoumi afirmou, incrédulo, que encontrou Hazmi e Mihdhar por acaso e os ajudou como companheiros muçulmanos em necessidade. O relatório final da Comissão do 11 de Setembro, divulgado em 2004, ilibou o agente da inteligência saudita de qualquer ato ilícito, dizendo que não havia "nenhuma prova credível" de que ele apoiava ou ajudava intencionalmente grupos extremistas.
A Casa Branca anunciou na sexta-feira (3) que iniciaria um processo de revisão de documentos ainda classificados relacionados aos ataques do 11 de setembro para uma possível desclassificação e liberação até o final do ano. As famílias com membros que morreram no 11/9 têm processado o governo saudita por seu suposto envolvimento nos atos terroristas, e têm exortado Joe Biden, presidente dos EUA, a fazer algo antes do 20º aniversário dos ataques.
O ataque terrorista, que matou 2.977 pessoas e feriu mais outras 25.000, resultou em uma política externa mais assertiva por parte dos EUA, que ocupou Afeganistão em outubro de 2001, onde permaneceu até última segunda-feira (30), superando por meses o recorde de duração da Guerra do Vietnã, entre 1955 e 1975. Washington também aprovou a invasão do Iraque em março de 2003, onde permanece desde então, com a exceção de um período entre 2011 e 2014.