Polícia prende 3 homens por assassinato do refugiado congolês Moïse Kabamgabe no Rio de Janeiro
23:26 01.02.2022 (atualizado: 23:42 01.02.2022)
© Folhapress / Kevin David/A7 PressNo Rio de Janeiro, a fachada da Delegacia de Homicídios na Barra da Tijuca, em 1º de fevereiro de 2022
© Folhapress / Kevin David/A7 Press
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Nesta terça-feira (1º), a polícia civil do Rio de Janeiro prendeu três homens acusados de participação no assassinato do congolês Moïse Kabamgabe, espancado até a morte na região da Barra da Tijuca.
Conforme publicou o portal G1, a identidade de dois dos três homens presos foi divulgada. Fábio Silva estava escondido na casa de parentes, trabalha como vendedor de caipirinhas na praia, e confessou ter dado pauladas no imigrante.
Outro agressor, Alisson Cristiano Alves de Oliveira, se entregou no 34ª DP durante a tarde e foi levado à Delegacia de Homicídios. O terceiro homem preso ainda não foi identificado pela polícia, que deve pedir ainda nesta terça-feira (1º) a prisão temporária dos três detidos.
A polícia também apreendeu uma barra de madeira utilizada pelos agressores para espancar Kabamgabe, que teria sido descartada próximo do local do crime.
© Folhapress / Cristiane Mota / FotoarenaNo Rio de Janeiro, imagem de 1º de fevereiro de 2022, mostra a fachada do quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, onde o refugiado Moïse Kabamgabe foi espancado até a morte
No Rio de Janeiro, imagem de 1º de fevereiro de 2022, mostra a fachada do quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, onde o refugiado Moïse Kabamgabe foi espancado até a morte
© Folhapress / Cristiane Mota / Fotoarena
O refugiado congolês Moïse Kabamgabe foi espancado até a morte na segunda-feira (24) no quiosque Tropicália, na orla da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O corpo do imigrante foi encontrado amarrado a uma escada.
Segundo a família, Kabamgabe foi ao local para cobrar R$ 200,00 em diárias de trabalho não pago. A versão também foi apontada pela deputada estadual Dani Monteiro (PSOL), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ), conforme publicou o portal G1.
Nesta terça-feira (1º), o dono do quiosque Tropicália foi ouvido pela polícia na 16ª DP, na Barra da Tijuca. O homem alegou que não conhecia os agressores e que o estabelecimento não devia dinheiro ao refugiado assassinado no estabelecimento em que trabalhava.
Repercussão nacional
O caso ganhou repercussão nacional ao longo da semana e tomou conta das redes sociais, com manifestações de artistas, políticos e autoridades cobrando que o caso seja apurado. Moïse Kabamgabe vivia no Brasil desde 2011, onde foi reconhecido como refugiado da guerra civil do Congo.
O Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR), a Organização Internacional para as Migrações (OIM) e o Programa de Atendimento a Refugiados da Cáritas Rio de Janeiro, assinaram uma nota de pesar pelo assassinato do imigrante. O crime foi descrito pelos grupos como "brutal".
A violência brutal que tirou a vida do jovem negro congolês Moise Kabagambe, 24 anos, residente no Brasil desde 2011, não será mais um número. Exigimos providências imediatas das autoridades do RJ. O racismo não pode continuar torturando e matando nosso povo!#JusticaPorMoise
— Coalizão Negra por Direitos #TemGenteComFome (@coalizaonegra) February 1, 2022
A Coalizão Negra por Direitos, que reúne diversas organizações do movimento negro brasileiro, divulgou que levará o caso ao Subcomitê de Prevenção à Tortura da ONU. A família do refugiado, ao lado da comunidade congolesa no Brasil, marcou um protesto em frente ao quiosque Tropicália no sábado (5). Outro protesto também deve acontecer na mesma data na Avenida Paulista, em São Paulo.