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Analista brasileiro explica por que e-commerce é oportunidade mais proeminente do mercado varejista

© AFP 2023 / SPENCER PLATTUm caminhão FedEx faz entregas na cidade de Nova York, EUA, 06 de dezembro de 2021
Um caminhão FedEx faz entregas na cidade de Nova York, EUA, 06 de dezembro de 2021 - Sputnik Brasil, 1920, 21.02.2022
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Tendo se popularizado nos últimos anos, em grande medida em função da pandemia, o e-commerce é a modalidade de comércio que mais se destacou no Brasil comparativamente. Para entender o que esperar desse mercado e compreender suas nuances, a Sputnik Brasil conversou com o especialista Lucas Machado.
Com o aprimoramento das tecnologias da informação e comunicação, a modalidade de comércio eletrônico, conhecida como e-commerce, tem se popularizado cada vez mais ao redor do mundo.
A aceleração no consumo digital tornou-se evidente com a implementação das restrições de circulação de pessoas impostas pelas medidas sanitárias de combate à pandemia de COVID-19.
Segundo dados de uma recente pesquisa realizada pela EBIT | Nielsen em parceria com a Bexs, no Brasil, a modalidade contabilizou 13 milhões de novos consumidores em 2020, um crescimento de 29% em comparação com o ano anterior. A ampliação do mercado significou um ganho de 41% em relação ao faturamento dos lojistas do segmento para o mesmo período.
Segundo análises de especialistas, esta tendência não deve recuar pelos próximos anos. Para compreender melhor qual é o status desta modalidade de comércio no Brasil, a Sputnik Brasil conversou com o professor de e-commerce e marketplace do Prime MBA da ESPM Lucas Machado.
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E-commerce no Brasil

Desde a popularização dos "personal computers" (PC, ou computadores pessoais) da década de 1990, que especialistas do mundo inteiro falavam da necessidade de constante aprimoramento da força de trabalho para o "futuro computadorizado", e o que poderia parecer apenas ficção científica tornou-se realidade muito mais rápido que o previsto.
Conectados 100% do tempo através de smartphones, tablets, smartwatches, laptops e outros dispositivos portáteis, vivemos em uma era que nos demanda tempo e agilidade. Para lidar com esta demanda, o mercado tenta nos oferecer meios para otimizar as soluções, e agora, sem sair de casa.
O isolamento social, em função do confinamento dos últimos dois anos, não apenas impulsionou o crescimento do e-commerce no mundo, mas acelerou o processo de adaptação de diversos mercados para os meios digitais.
Para o especialista Lucas Machado, o foco na operação é exatamente o fator diferencial do e-commerce em nossas vidas.
"A gente consegue enxergar, tanto no Brasil quanto no mundo, que o comportamento do e-commerce tem foco na operação, ou seja, está na entrega mais rápida e mais eficiente como, por exemplo, no caso da Amazon, que tem como objetivo entregar para 90% de seus consumidores entre dez a 15 minutos depois do pedido", conta Lucas.
Para o especialista, pode ser que a forte tendência mundial diminua um pouco o ritmo de crescimento no Brasil, mas, definitivamente, é um movimento irreversível.
"A previsão para este ano [de 2022] está entre nove e 15%, menor que nos anos anteriores, o que é natural, já que todo este período provocou um aumento da inflação e dos custos de operação. Mas o comportamento de compra deve se manter ainda significativo, com uma margem de crescimento mais sustentável", explica Lucas.
De acordo com dados do Valor Econômico, o comércio eletrônico teve inflação na casa de 18,76%, acima de indicadores como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), o que demonstra que, apesar do crescimento, os custos de transação foram repassados para os consumidores através da alta de preços.
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Cultura do e-commerce

Lucas explica que a maior diferença do fenômeno do e-commerce no Brasil para os países desenvolvidos – que já têm uma cultura de comércio eletrônico – é fundamentalmente a infraestrutura.
"Os países desenvolvidos têm infraestrutura muito forte, o que favorece menores custos de entrega, com entregas mais eficientes e de qualidade. Além disso, a 'bancarização' e o poder de compra dessas sociedades favorecem a comercialização."
Para ele, países desenvolvidos tendem a ter maior confiança em seu sistema bancário, por exemplo, onde os riscos de fraude são minimizados pela solidez do sistema, diferentemente do Brasil.
Lucas explica ainda que a cultura de transações eletrônicas não se limita ao uso da Internet, mas abrange a "compreensão do sistema bancário, do uso do cartão de crédito e da confiança nas garantias de transação".
Esses fatores impactam diretamente a participação do e-commerce nas transações comerciais, fazendo com que os consumidores tendam a optar por lojas físicas tradicionais, por exemplo. Países como EUA, Inglaterra, França e China possuem uma participação muito superior de comércio eletrônico em suas economias hoje.
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Consumidores e mercado

Para Lucas, apesar de o crescimento ter sido impactado pela pandemia, ele deve continuar, porém em menor ritmo e, em grande medida, pela mudança no perfil do consumidor.
"Pelas projeções de importantes portais e organizações no Brasil, o crescimento deve ser de nove, 12 ou 15%, no máximo, mas o perfil do consumidor estar mudando indica a forte tendência de crescimento. A frequência de compra, no último ano, aumentou para 71% e 49% dos consumidores pretendem comprar ainda mais pela Internet em 2022."
O especialista explica que o consumidor brasileiro pode estar transitando por diversos canais de compra, desde lojas físicas a ambientes digitais on-line.
"Até 2030, 50% da população mundial será pertencente às gerações Z e Alfa, e 97% dos integrantes dessas gerações afirmam que suas principais fontes de inspiração [de consumo] estão nas mídias sociais. O 'social commerce', a 'gameficação' do e-commerce, vai obrigar os sites mais tradicionais a se adaptarem à nova realidade", afirmou Lucas.
Para ele, o dinamismo dessas novas maneiras de consumo vai trazer mudanças profundas para que o mercado possa atender às expectativas de consumo dos próximos anos, mas o fator limitante no Brasil continuará sendo o mesmo, a logística.
"Um dos maiores fatores que podem limitar o crescimento do comércio eletrônico brasileiro, com certeza. Custo de frete, prazo de entrega, tudo isso faz com que os consumidores muitas vezes escolham lojas físicas."
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O céu é o limite?

"Não acredito que existam setores proibidos dentro do e-commerce, mas talvez alguns produtos de limitação geral como, por exemplo, tabacaria, têm questões de regulamentação, como medicamentos também, mas não proibições", afirmou Lucas.
Para o professor, o Brasil precisa se preparar para essas transformações de mercado, e em diversos níveis, seja tecnologicamente, na transformação digital das companhias, ou na preparação de mão de obra.
Lucas explica que programadores, desenvolvedores e profissionais de gestão de relacionamento com o cliente (CRM, na sigla em inglês) vão ser muito demandados daqui para a frente, porque empresas tradicionais não querem perder a oportunidade de estar no mercado e precisam se adaptar.
Para além deste novo ambiente digital de comercialização, o uso de carteiras digitais e ferramentas de pagamento representam possibilidades deste setor.
"O cartão de crédito, de 2020 para 2021, já aumentou sua participação de 67% para quase 72%, diminuindo o 'share' [uso e participação] do boleto bancário, além do advento do pix no mercado brasileiro, que já chega a 11% de participação em transações, o que demonstra uma diversificação significativa de formas de pagamento."
Segundo Lucas, os grandes players que não apenas observam a evolução do mercado, mas identificam no Brasil um cenário promissor para investimentos, já buscam estar se adaptando.
"Amazon, D2W, Mercado Livre, grupo Alibaba já buscam uma plataforma que abarque o maior número de serviços e produtos dentro de uma marca, uma solução para seus consumidores. A Amazon, além da Prime, Music [...] vai ter sua primeira loja física de moda, além de lojas de autoatendimento", disse.
O especialista está convencido que a estratégia dessas grandes marcas é ter uma plataforma única com soluções diversas para que a frequência de consumo seja maior com uma única marca.
"Cada vez mais o maketplace se materializa em algo extremamente positivo, seja para o pequeno, médio ou grande varejista, aumentando o mix de produtos oferecidos a seus consumidores", concluiu.
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