EUA mantêm relação dúbia na Venezuela ao 'calibrar a política de sanções' com o país
© AP Photo / Patrick SemanskyO presidente dos EUA, Joe Biden, fala na Sala Leste da Casa Branca em Washington, 13 de junho de 2022
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Enquanto Biden fala em relaxar as restrições, Maduro adverte que seu país deve avançar, não importa o que a Casa Branca decida.
Nas últimas semanas, apesar de o governo dos EUA ter se encarregado de explicar sua posição sobre a "crise na Venezuela", como descreve a situação a Casa Branca, o governo do presidente Joe Biden mantém uma relação dúbia no país.
Se, por um lado, Biden se reúne com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, para tratar de assuntos de interesse geopolítico e estratégico, por outro, telefona para Juan Guaidó para lhe dizer que ainda o apoiam e continuam a reconhecer seu "governo interino".
Em março, Casa Branca e Miraflores estiveram reunidos para negociar diferentes tópicos em política, economia e energia que resultaram concretamente na liberação de dois americanos – um envolvido em crimes de corrupção na Petróleos de Venezuela (PDVSA) e outro acusado de terrorismo em 2021 – por Caracas. Semanas depois, foi a vez dos EUA relaxarem as sanções contra a indústria petrolífera venezuelana, permitindo que empresas americanas e europeias retomassem suas operações no país sul-americano. A medida foi vital para Washington e a Europa diante do conflito na Ucrânia e das restrições impostas ao petróleo e ao gás russos.
Apesar da aproximação com Maduro, o governo Biden voltou a rotular o ex-deputado Juan Guiadó de "presidente interino", afirmando que reconhece "a Assembleia Nacional democraticamente eleita em 2015".
Segundo informou a Casa Branca, na semana passada (7) Biden telefonou para Guaidó para expressar seu apreço, bem como "apoio às negociações", referindo-se ao processo reiniciado por representantes do governo Maduro e da oposição radical venezuelana. Durante a conversa, ambos "falaram sobre o papel que os EUA e outros parceiros internacionais podem desempenhar no apoio a uma solução negociada para a crise na Venezuela". Segundo Biden, essa seria a via para alcançar a "restauração pacífica das instituições democráticas, eleições livres e justas e respeito aos direitos humanos e liberdades fundamentais de todos os venezuelanos".
Para além disso, os EUA decidiram excluir os governos da Venezuela, Cuba e Nicarágua da IX Cúpula das Américas, argumentando que esses países não cumpririam "os padrões democráticos" de Washington.
Ao mesmo tempo, o assessor especial de Biden, Juan González – o mesmo funcionário que se reuniu com Maduro em Caracas em março – disse à Voz da América (VOA, na sigla em inglês) que, embora os EUA não pretendam impor "condições", eles estariam "totalmente prontos para suspender a pressão das sanções" desde que haja "passos concretos".
Enquanto os EUA reorganizam seu discurso sobre a Venezuela, o presidente Maduro inicia uma viagem internacional por países da África, Ásia e Europa para estabelecer novos acordos de cooperação multilateral e agendas de trabalho que acompanham o compromisso econômico de "diversificar a economia" em seu país.
Para o presidente venezuelano, as relações multilaterais e a construção de um mapa abrangente de cooperação são essenciais para deixar para trás o "modelo hegemônico" que os EUA e seus aliados querem preservar.
Durante sua visita à Turquia, Argélia, Irã e Kuwait, o presidente venezuelano disse à Hispan TV que, após a imposição de sanções por parte dos EUA e da União Europeia (UE), a Venezuela conseguiu desenvolver "uma economia de guerra de resistência" que lhe permitiu – em meio às dificuldades – "dar à luz soluções" e "contrabalançar" o efeito negativo das medidas coercitivas, que se refletem no fim da hiperinflação e no início da "recuperação econômica".