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Bloomberg explica por que no Oriente Médio não conseguem formar sua própria OTAN
Bloomberg explica por que no Oriente Médio não conseguem formar sua própria OTAN
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Os países que poderiam fazer parte da possível aliança têm dificuldades em definir os objetivos de segurança comuns, e especialmente os adversários comuns... 30.06.2022, Sputnik Brasil
2022-06-30T10:17-0300
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A criação de uma aliança de segurança regional contra "inimigos comuns" é um tema que tem sido discutido no Oriente Médio há muito, indica o autor do artigo, Bobby Ghosh. Além disso, a visita do presidente norte-americano Joe Biden a Jeddah [segunda maior cidade da Arábia Saudita], prevista para julho, poderá dar impulso ao projeto, especialmente em meio ao fortalecimento da cooperação na área de segurança entre os Estados Unidos, Israel e os países árabes do Golfo. Antes, o The Wall Street Journal, citando autoridades dos EUA e da região, comunicou que, em março, os Estados Unidos tinham convocado uma reunião secreta dos principais oficiais militares de Israel e dos Estados árabes para saber se eles poderiam coordenar suas forças contra o potencial crescente de mísseis do Irã.Neste contexto, o rei Abdullah II da Jordânia afirmou que apoiaria a criação de uma versão regional da OTAN no Médio Oriente. Mesmo assim, em sua entrevista para o CNBC, o chefe do Estado avisou que tal organização devia ter um objetivo claro, senão ela podia "confundir todos".Embora a ideia de criação de um pacto regional de segurança possa parecer razoável, o autor do artigo acredita que a realidade político-militar no Oriente Médio não permite que as ambições dos aliados dos EUA sejam colocadas em prática.Além da iniciativa proposta, Bobby Ghosh enumera outras tentativas falhadas dos países da região de formar uma aliança militar. Entre elas, lembra o plano da Liga Árabe de forças conjuntas de combate ao terrorismo (2015), a proposta sobre a Aliança de Segurança do Oriente Médio (Middle East Security Alliance – MESA, na sigla em inglês) feita pela Arábia Saudita, que teve o apoio total do presidente norte-americano Donald Trump (na época – em 2017 - a aliança proposta inevitavelmente chamava-se de "OTAN árabe").Ambos os projetos fracassaram, mas desde 2017, diz o artigo, Israel conseguiu normalizar suas relações com alguns Estados árabes e está a caminho de chegar a acordos similares com outros, o que pode implicar a possível participação do Exército israelense de uma nova aliança regional. "O perigo" que o Irã representa na região pode ser um fator acelerador da formação da aliança.Os Estados Unidos, preocupados com o possível ressurgimento do Irã na região após o cancelamento das sanções, buscam formar uma aliança semelhante à OTAN, liderada ou pelo menos patrocinada por Washington, mas estão enfrentado dificuldades relacionadas com a heterogeneidade política da região do Oriente Médio.Ao mesmo tempo, é de salientar que o Catar e Omã têm boas relações com o Irã, enquanto o Kuwait também tenta cautelosamente manter laços com o país. Além disso, segundo Ghosh, os Estados Unidos e a Arábia Saudita também não estão interessados em prosseguir o confronto, ao ter gasto demasiadas forças no conflito no Iêmen, do qual têm participado as milícias iranianas. O próprio Iêmen está quase destruído pela guerra civil entre os houthis, apoiados pelo Irã, e o governo internacionalmente reconhecido, apoiado pela coalizão internacional liderada pela Arábia Saudita.Mais do que isso, os países árabes do Levante estão ficando cada vez mais na esfera de influência iraniana, com a Síria praticamente se tornado uma "província iraniana" e o Líbano e o Iraque se aproximando de tal status, supõe a Bloomberg.Seria justo também acrescentar que os Estados árabes do Golfo já possuem uma espécie de força militar conjunta de 40. 000 homens, conhecida como Escudo da Península (Peninsula Shield Force, em inglês), bastante bem equipada. Ainda assim, as forças carecem de experiência de combate séria.Desta forma, tudo isso significa que a tarefa de conter o Irã, seja qual for o estatuto das negociações sobre o acordo nuclear, recairá principalmente sobre os EUA e Israel. Ao mesmo tempo, acredita a Bloomberg, qualquer iniciativa de formar uma aliança militar no Oriente Médio, à imagem da OTAN, é uma ideia morta.
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Bloomberg explica por que no Oriente Médio não conseguem formar sua própria OTAN
10:17 30.06.2022 (atualizado: 10:29 30.06.2022) Os países que poderiam fazer parte da possível aliança têm dificuldades em definir os objetivos de segurança comuns, e especialmente os adversários comuns, escreve a agência de notícias americana Bloomberg.
A criação de uma aliança de segurança regional contra "inimigos comuns" é um tema que tem sido discutido no Oriente Médio há muito,
indica o autor do artigo, Bobby Ghosh. Além disso, a visita do presidente norte-americano Joe Biden a Jeddah [segunda maior cidade da Arábia Saudita], prevista para julho, poderá dar impulso ao projeto, especialmente em meio ao
fortalecimento da cooperação na área de segurança entre os Estados Unidos, Israel e os países árabes do Golfo.
Antes, o The Wall Street Journal, citando autoridades dos EUA e da região,
comunicou que, em março, os Estados Unidos tinham convocado uma reunião secreta dos principais oficiais militares de Israel e dos Estados árabes para saber se eles poderiam coordenar suas forças contra
o potencial crescente de mísseis do Irã.
Neste contexto, o rei Abdullah II da Jordânia afirmou que apoiaria a criação de
uma versão regional da OTAN no Médio Oriente. Mesmo assim, em sua entrevista para o CNBC, o chefe do Estado
avisou que tal organização devia ter um objetivo claro, senão ela podia "confundir todos".
Embora a ideia de criação de um pacto regional de segurança possa parecer razoável, o autor do artigo acredita que a realidade político-militar no Oriente Médio não permite que as ambições dos aliados dos EUA sejam colocadas em prática.
"Embora os argumentos a favor [da criação] de uma versão da OTAN no Médio Oriente pareçam bastante razoáveis, a realidade política e militar da região tornam a ideia completamente impraticável. Os países que poderiam fazer parte de tal aliança têm dificuldades em definir os objetivos de segurança comuns e, ainda menos, os adversários comuns. A maioria deles tem militares que só são capazes de proteger seus regimes dos desafios internos, em vez dos inimigos externos", indica o artigo.
Além da iniciativa proposta, Bobby Ghosh enumera outras tentativas falhadas dos países da região de formar uma aliança militar. Entre elas, lembra o plano da Liga Árabe de forças conjuntas de combate ao terrorismo (2015), a proposta sobre a Aliança de Segurança do Oriente Médio (Middle East Security Alliance – MESA, na sigla em inglês) feita pela Arábia Saudita, que teve o apoio total do presidente norte-americano Donald Trump (na época – em 2017 - a aliança proposta inevitavelmente chamava-se de "OTAN árabe").
Ambos os projetos fracassaram, mas desde 2017, diz o artigo, Israel conseguiu normalizar suas relações com alguns Estados árabes e está a caminho de chegar a acordos similares com outros, o que pode implicar a possível
participação do Exército israelense de uma nova aliança regional. "O perigo" que o Irã representa na região pode ser um fator acelerador da formação da aliança.
"O Irã está prestes a atingir suas capacidades nucleares completas ao formar um estoque substancial de urânio enriquecido. […] O governo Biden acredita que a ameaça pode ser reduzida caso o acordo nuclear de 2015 seja restabelecido. No entanto, o acordo nuclear eliminaria o regime das sanções econômicas imposto contra Teerã", afirma Bobby Ghosh.
Os Estados Unidos, preocupados com o possível ressurgimento do Irã na região após o cancelamento das sanções, buscam formar uma aliança semelhante à OTAN, liderada ou pelo menos patrocinada por Washington, mas estão enfrentado dificuldades relacionadas com a heterogeneidade política da região do Oriente Médio.
"Poderiam pensar que isso [um eventual ressurgimento do Irã] seria uma boa razão para os países ameaçados por Teerã levarem a sério a ideia sobre uma aliança militar. No entanto, embora estejam colaborando de forma mais próxima sobre questões de segurança, os israelenses e os árabes têm percepções diferentes do tipo de ameaça que o Irã apresenta, e têm estratégias diferentes de como lidar com Teerã. Tudo isso faz com que a ideia do rei Abdullah II da Jordânia sobre uma missão 'muito clara' da aliança se torne totalmente irrelevante", acredita o colunista.
Ao mesmo tempo, é de salientar que o Catar e Omã têm boas relações com o Irã, enquanto o Kuwait também tenta cautelosamente manter laços com o país. Além disso, segundo Ghosh, os Estados Unidos e a Arábia Saudita também não estão interessados em prosseguir o confronto, ao ter gasto demasiadas forças no conflito no Iêmen, do qual têm participado as milícias iranianas. O próprio Iêmen está quase destruído pela guerra civil entre os houthis, apoiados pelo Irã, e o governo internacionalmente reconhecido, apoiado pela coalizão internacional liderada pela Arábia Saudita.
Mais do que isso,
os países árabes do Levante estão ficando cada vez mais na esfera de influência iraniana, com
a Síria praticamente se tornado
uma "província iraniana" e o Líbano e o Iraque se aproximando de tal status, supõe a Bloomberg.
Seria justo também acrescentar que os Estados árabes do Golfo já possuem uma espécie de força militar conjunta de 40. 000 homens, conhecida como Escudo da Península (Peninsula Shield Force, em inglês), bastante bem equipada. Ainda assim, as forças carecem de experiência de combate séria.
Desta forma, tudo isso significa que a tarefa de conter o Irã, seja qual for o estatuto das negociações sobre o acordo nuclear, recairá principalmente sobre os EUA e Israel. Ao mesmo tempo, acredita a Bloomberg, qualquer iniciativa de formar uma aliança militar no Oriente Médio, à imagem da OTAN, é uma ideia morta.