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'Biden não foi o vencedor das eleições', diz analista sobre votação nos EUA

© AP Photo / Evan VucciO presidente norte-americano, Joe Biden, durante encontro virtual com governadores democratas sobre direito ao aborto, na Casa Branca. Washington, EUA, 1º de julho de 2022
O presidente norte-americano, Joe Biden, durante encontro virtual com governadores democratas sobre direito ao aborto, na Casa Branca. Washington, EUA, 1º de julho de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 09.11.2022
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Eleições de meio de mandato nos Estados Unidos sempre geram consequências sobre o presidente em exercício. O que muda e o que continuará igual na política norte-americana após o resultado da votação?
O Congresso dos EUA está sendo reformulado. Eleitores vão definir nos próximos dias os 435 membros da Câmara dos Representantes, 34 senadores e 34 governadores. Em meio às mudanças, o presidente Joe Biden enfrenta diversas críticas internas, com os riscos de deflação e PIB abaixo do esperado, na economia, e de mais parlamentares questionando os financiamentos militar e financeiro à Ucrânia, na política externa.
Afonso de Albuquerque, cientista político e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), avaliou, em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, o cenário e as mudanças que devem ocorrer no Congresso norte-americano nos próximos anos.
Ele explicou que "os resultados de mudança são mais modestos do que aqueles que haviam sido previstos inicialmente", e apontou que a chamada "onda vermelha" não se concretizou, embora seja preciso esperar pelos resultados finais para o Senado, "que não sairão tão cedo".

"Em relação à Câmara dos Representantes, existe uma tendência de vitória republicana, mas essa vitória parece ser menos expressiva do que havia sido previsto. Mas ainda não tem como dizer a dimensão dessa vitória neste momento porque ainda existem muitas cadeiras em jogo", comentou.

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'Eleições foram benevolentes em relação à administração Biden'

De acordo com uma ferramenta do site de notícias Axios com base em dados do Google Trends, os temas mais buscados pelos eleitores dos EUA durante as campanhas eleitorais tinham relação com salários, impostos, empregos, aborto e armas. A economia do país é vista como uma questão crítica por aqueles que usaram o buscador.
O PIB dos EUA deve crescer apenas 0,5% no próximo ano, abaixo do 1,5% da previsão de junho. A inflação alta "será um grande dreno" da renda das famílias no próximo ano, disse a agência de classificação de risco de crédito Fitch, reduzindo os gastos do consumidor a ponto de causar uma desaceleração durante o segundo trimestre de 2023.
Diante de um quadro que ameaça se tornar em uma instabilidade social e econômica, Afonso de Albuquerque avalia que "essas eleições foram surpreendentemente benevolentes em relação à administração Biden".
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"É um mandato bastante mal avaliado, e, nesse sentido, os democratas tinham apreensões grandes em relação ao que seria o resultado das eleições, mas aparentemente esses resultados não se refletiram nas urnas", comentou.
Para ele, essa "benevolência" não fez de Biden "o vencedor das eleições", assim como o ex-presidente Donald Trump. Em sua avalição, não houve vencedores neste pleito, que serviu para acirrar a polarização no país. "Pode ter havido algum nome de sucesso ou outro, mas não há lideranças" entre republicanos e democratas, disse.
Questionado sobre os reflexos que a eleição pode ter na política interna dos EUA, ele aponta que a lógica bipartidária apresenta sinais de desgaste e começa a ruir. Ele aposta que a tendência é que o partido da oposição exerça um poder de veto que diminua a governabilidade da presidência.

"O que está acontecendo nos EUA é que houve uma radicalização da política muito grande. E dentro dessa radicalização da política, o processo de polarização, a gente teve uma erosão do centro político dos EUA, em todos os níveis, inclusive na mídia", disse.

Para Afonso de Albuquerque, essa polarização vista no pleito também poderá ter consequências na política externa norte-americana no futuro. Ele entende que, embora a resistência a Moscou e Pequim deva continuar, pois funciona como se fosse uma política de Estado, o apoio norte-americano à Ucrânia não deve se manter. "Agenda impopular", concluiu o especialista.
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