Bolsonaristas instalaram bombas em Brasília para provocar estado de sítio, revela empresário preso
20:41 25.12.2022 (atualizado: 20:51 25.12.2022)
© Foto / Tânia Rego / Agência BrasilAgente da Polícia Civil
© Foto / Tânia Rego / Agência Brasil
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O empresário bolsonarista George Washington de Oliveira, de 54 anos, revelou em depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) que a instalação de explosivos em diferentes pontos de Brasília foi definida por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) com o objetivo de provocar a instauração de um Estado de Sítio no país.
A Polícia Civil prendeu Oliveira na noite do último sábado (24), véspera de Natal. Segundo as investigações, ele montou um artefato explosivo e acoplou em um caminhão-tanque de combustível no intuito de causar uma explosão nos arredores do Aeroporto Juscelino Kubitschek (JK), em Brasília.
Oliveira foi localizado e preso pela polícia em um apartamento no Sudoeste, na região central do Distrito Federal. Junto com ele, os agentes encontraram um arsenal composto por duas espingardas, um fuzil, dois revólveres, três pistolas, centenas de munições, uniformes camuflados e pelo menos cinco emulsões explosivas.
Conforme informou a Folha de S. Paulo, em depoimento, Oliveira afirmou que manifestantes bolsonaristas que estão acampados em frente ao Quartel General (QG) do Exército planejaram a explosão de bombas em diferentes pontos de Brasília para instaurar o caos e provocar a decretação de um Estado de Sítio por Bolsonaro, que deixa o poder na próxima semana.
"Eu resolvi elaborar um plano com os manifestantes do QG do Exército para provocar a intervenção das Forças Armadas e a decretação de estado de sítio para impedir a instauração do comunismo no Brasil. No dia 22/12/2022, vários manifestantes do acampamento conversaram comigo e sugeriram que explodíssemos uma bomba no estacionamento do Aeroporto de Brasília durante a madrugada e em seguida fizéssemos denúncia anônima sobre a presença de outras duas bombas no interior da área de embarque", revelou.
"No dia seguinte, uma mulher desconhecida sugeriu aos manifestantes do QG que fosse instalada uma bomba na subestação de energia em Taguatinga para provocar a falta de eletricidade e dar início ao caos que levaria à decretação do estado de sítio", completou.
Em nota, a Polícia Civil destacou que o suspeito confessou que tinha a intenção de cometer um crime no aeroporto.
"Queremos destacar que a PCDF vai prender qualquer pessoa que atente contra o Estado Democrático de Direito, com ameaças e, agora, com bombas. Não permitiremos, em Brasília, esse tipo de manifestação que atente contra vidas, o direito de ir e vir das pessoas ou mesmo patrimônios", afirmou o delegado-geral da PCDF, Robson Cândido.
Cândido explicou que ainda que o empresário tenha registro de Caçador, Atirador e Colecionador (CAC), o material que foi apreendido está fora da norma. "Se esse material adentrasse o Aeroporto de Brasília, seria uma tragédia, mas nós conseguimos interceptar e evitar", ressaltou.
O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), fez duras críticas aos acampamentos bolsonaristas neste domingo (25). Dino classificou o ato de Oliveira como terrorismo e informou que vai pedir a criação de grupos especiais para "combater o terrorismo e o armamentismo irresponsável".