Mídia: agradecimento de novo comandante da Marinha a Lula impulsiona racha dentro da força
10:38 12.01.2023 (atualizado: 12:43 12.01.2023)
© Foto / Palácio do Planalto / CCBY 2.0 / Alan SantosCerimônia de Declaração de Guardas-Marinha de 2019 e Entrega de Espadas da Turma Almirante Protógene (foto de arquivo)
© Foto / Palácio do Planalto / CCBY 2.0 / Alan Santos
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Ao ser empossado, novo chefe da Marinha agradeceu sua indicação ao presidente. Discurso causou leva de críticas fortes dentro de grupos virtuais da corporação fazendo com que ex-comandante se retirasse por não se "sentir mais em condições" de permanecer.
Na sexta-feira passada (6) aconteceu a cerimônia de passagem de comando na Marinha. Durante a posse, o novo comandante da instituição, almirante Marcos Sampaio Olsen, dedicou uma mensagem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela indicação ao cargo.
Em seu discurso, registrado também como ordem do dia, a fala agradecia o petista pelo "introdutório de orientações e estímulo" e destacava a necessidade de investimentos nos quadros da corporação.
Comandante da Marinha diz que orçamento ampliará capacidade naval. Almirante Marcos Sampaio Olsen reiterou o compromisso de avançar nas políticas estratégicas. https://t.co/zA0bxonJTv
— Agência Brasil (@agenciabrasil) January 5, 2023
📷 Reprodução/Youtube Marinha do Brasil pic.twitter.com/BCmlCpiWVO
Até aí tudo bem. No entanto, segundo a coluna de Lauro Jardim em O Globo, o discurso do almirante repercutiu muito mal nos grupos de WhatsApp da Marinha e foi rejeitado com uma chuva de críticas feitas por bolsonaristas, uma vez que a corporação conta com um grande número de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, os quais tinham como referência o almirante Almir Garnier Santos, ex-chefe da força totalmente leal ao ex-presidente.
Maior prova dessa "lealdade" foi o fato de que, no dia da troca de comando, Ganier Santos não foi à cerimônia e deixou claro que sua escolha era baseada na rejeição ao presidente eleito. Foi a primeira vez, desde a redemocratização do país, que um ex-comandante da Marinha não participou da cerimônia de passagem de comando.
Ainda de acordo com a mídia, os ataques ao novo comandante foram tantos que, no domingo (8), um desses grupos virtuais perdeu a participação do almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira – comandante da Marinha entre 2015 e 2019 nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer.
Ao sair dos grupos, Leal Ferreira deixou a seguinte mensagem:
"Aos companheiros da Esperança: No momento em que vejo ataques pessoais e muito fortes ao AE Olsen, nosso CM, oficial de altíssima capacidade, ilibada moral e grande coragem, não me sinto mais em condições de permanecer nesse grupo. O ódio político que não leva a nada e as fake news que destroem reputações e espalham boatos perigosos só conseguem afastar amizades e quebrar laços familiares. Para mim os limites foram ultrapassados. Permaneço com o meu zap e meu e-mail à disposição para mensagens particulares. Quando a situação acalmar, eu volto."
Nas invasões ocorridas nos prédios dos três Poderes em Brasília no domingo (8), a partir de registros de fotos e vídeos, é notória a apatia de policias e militares em barrar os manifestantes, alguns deles até tiraram fotos dentro do Congresso com quem protestava ou permitiram sua passagem de forma pacífica.
O novo governo fez propaganda de uma desbolsonarização em cargos-chave, mas ministros e aliados de Lula admitem que o terreno "continuará minado" por algum tempo, de acordo com a Folha de São Paulo.
Eles dizem, segundo a mídia, que agentes policiais e militares das forças ligados a Bolsonaro permanecem leais ao ex-presidente e que "muita gente vai trabalhar contra [Lula]" até que seja feita uma desbolsonarização não só de comandantes, mas de efetivos com cargos mais baixos.