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Intervenção direta de Washington poderia minar ainda mais a segurança do Sudão, opina analista

© AFP 2023 / Mídia AssociadaPessoas passam por um veículo militar em Cartum em meio a confrontos relatados na cidade em 15 de abril de 2023
Pessoas passam por um veículo militar em Cartum em meio a confrontos relatados na cidade em 15 de abril de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 20.04.2023
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O Reino Unido, os EUA, os Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita são os principais instigadores da crise que se vive no Sudão, afirmou à Sputnik o assessor e analista político sudanês Awad Alla Nawai.
O analista apontou que as Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) do Sudão são participantes diretos deste conflito e nele também estão envolvidos os integrantes do chamado quarteto da ONU, que têm encorajado os militares de todas as formas possíveis.
Awad Alla Nawai chamou a atenção para a recente conversa entre secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, com o comandante das RSF, Mohamed Hamdan Dagalo, e sublinhou que tal diálogo não é surpreendente, uma vez que existe uma cooperação ativa com diversos países, incluindo com os Estados Unidos.

"Uma intervenção direta de Washington poderia minar ainda mais a segurança do país e da região. De qualquer forma, os principais instigadores da crise desde o início foram o Reino Unido, os Estados Unidos, os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita, em particular o chamado quarteto", criticou o analista político sudanês.

O especialista enfatizou que o Sudão foi abalado primeiro pelas sanções americanas e depois pela revolução. Agora, se as Forças de Apoio Rápido conseguirem aviões de combate, esta guerra se prolongará por vários anos.

"Neste momento, o Sudão não é diferente da Somália, onde vários grupos armados arruinaram o país", concluiu o especialista.

Awad Alla Nawai assinalou que a situação se complica ainda mais pela existência de numerosos problemas econômicos e a emigração da população.

"No Sudão não existe apenas uma crise, mas uma guerra em grande escala, que constitui uma grave ameaça", advertiu o analista.

No sábado (15), eclodiram confrontos violentos entre o Exército regular sudanês e as RSF, com epicentro localizado em Cartum. As forças do governo acusaram as RSF de motim e lançaram ataques aéreos contra suas bases. Segundo dados do Ministério da Saúde do Sudão, cerca de 270 pessoas foram mortas nos quatro dias de confrontos e outras 2.600 ficaram feridas.
Em 18 de abril, os presidentes do Sudão do Sul, do Quênia e do Djibuti, três dos oito países que integram, juntamente com o Sudão, a Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD, em inglês) foram obrigados a cancelar a viagem a Cartum devido aos contínuos combates.
Isto foi comunicado em Juba pelo jornal Sudan Tribune, que cita Tut Gatluak, conselheiro de segurança do governante sul-sudanês Salva Kiir. A IGAD instou as partes em conflito a cessar as hostilidades de forma imediata e incondicional, a reduzir as tensões, a permitir o acesso humanitário sem restrições e a garantir que os cidadãos sudaneses observam o mês sagrado do Ramadã em paz.
Com o envio de uma delegação de alto nível a Cartum, o bloco regional procurou convencer os líderes das facções rivais a retomar as negociações sobre as questões pendentes, incluindo a segurança e a reforma militar no Sudão.
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