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Caso Mauro Cid: cada militar deve pagar individualmente pelos seus erros, aponta oficial da reserva
Caso Mauro Cid: cada militar deve pagar individualmente pelos seus erros, aponta oficial da reserva
Sputnik Brasil
Em meio a escândalos envolvendo oficiais do alto escalão das Forças Armadas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Tomás Paiva, atual... 29.08.2023, Sputnik Brasil
2023-08-29T19:27-0300
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Na percepção de um analista militar ouvido pela Sputnik Brasil, a política não pode entrar lá "de forma alguma".A cúpula do Exército vê membros da força engolidos por denúncias de envolvimento em irregularidades. O maior pivô da crise é Mauro Cid, tenente-coronel da ativa e ajudante de ordens de Bolsonaro durante seu mandato presidencial.O oficial está preso desde maio, sob a acusação de fraudar cartões de vacinação da comitiva do ex-chefe do Executivo. A Polícia Federal, porém, já conseguiu comprovar o envolvimento de Cid na venda de joias milionárias presenteadas por países árabes ao então governante, que deveriam ter sido incorporadas ao Estado brasileiro. O pai do tenente-coronel, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, colega de turma de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), era o responsável por negociar a venda supostamente ilegal dos ornamentos nos Estados Unidos.Ao comentar o caso específico, o comandante Robinson Farinazzo, analista militar e oficial da reserva da Marinha do Brasil, é taxativo: as Forças Armadas devem deixar esse assunto a cargo da Justiça.Carta do chefe do ExércitoTomás Paiva, por sua vez, fez circular um documento interno pelas casernas. Intitulado Ordem Fragmentária nº 01, o texto foi considerado uma tentativa de resgatar o prestígio das forças terrestres entre a população. Ele também institui princípios de afastamento do entorno político, já previstos pela legislação brasileira.editada 20:02Farinazzo diz que o comandante está agindo dentro de seu papel. Trata-se, em sua opinião, de orientações "normais e necessárias"."O governo [de Humberto] Castelo Branco, assim como o governo [de Ernesto] Geisel, procurou despolitizar as Forças Armadas. O que acontecia naquela época? Muitos oficiais generais ficavam décadas no posto e acabavam transformando as próprias Forças Armadas em um fiel do político. O trabalho do general Tomás é muito parecido com o trabalho que Geisel e o general Leônidas Pires Gonçalves (depois, no governo de José Sarney) tiveram. Ao general Leônidas foi dada a incumbência de trazer os militares de volta aos quartéis, uma coisa muito importante, porque institucionalizou a força", afirma, rememorando o período logo em seguida ao fim da ditadura militar brasileira.Farinazzo admite que militares se partidarizaram em parte porque também são cidadãos. Ele pondera, contudo, que as funções do papel institucional devem ser separadas de preferências políticas, ideológicas e partidárias.Segundo o comandante da reserva, há um momento geopolítico "complicadíssimo" em andamento para o Brasil, a partir da divisão entre dois grandes blocos de superpotências. Neste momento, as Forças Armadas têm que pensar sua missão institucional de construir a defesa e a soberania do país, acrescenta. "E ela não vai conseguir pensar nessa necessidade se ela estiver politizada. Ela precisa olhar para fora, olhar para os desafios internacionais que incidem sobre o Brasil e construir seu papel em cima disso, atendendo aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário", conclui.
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Caso Mauro Cid: cada militar deve pagar individualmente pelos seus erros, aponta oficial da reserva
19:27 29.08.2023 (atualizado: 13:09 30.08.2023) Redação
Equipe da Sputnik Brasil
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Em meio a escândalos envolvendo oficiais do alto escalão das Forças Armadas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Tomás Paiva, atual comandante do Exército, tenta resguardar a instituição, despolitizando as tropas e fazendo com que militares voltem aos quartéis.
Na percepção de um analista militar ouvido pela Sputnik Brasil, a política não pode entrar lá "de forma alguma".
A cúpula do Exército vê membros da força engolidos por denúncias de envolvimento em irregularidades. O
maior pivô da crise é Mauro Cid, tenente-coronel da ativa e
ajudante de ordens de Bolsonaro durante seu mandato presidencial.
O oficial
está preso desde maio, sob a acusação de fraudar cartões de vacinação da comitiva do ex-chefe do Executivo. A Polícia Federal, porém, já conseguiu comprovar o envolvimento de Cid na
venda de joias milionárias presenteadas por países árabes ao então governante, que deveriam ter sido
incorporadas ao Estado brasileiro. O pai do tenente-coronel, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, colega de turma de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), era o
responsável por negociar a venda supostamente ilegal dos ornamentos nos Estados Unidos.
Ao comentar o caso específico, o comandante Robinson Farinazzo, analista militar e oficial da reserva da Marinha do Brasil, é taxativo: as Forças Armadas devem deixar esse assunto a cargo da Justiça.
"Exército, Marinha e Força Aérea não podem adquirir um problema que não lhes pertence. O militar não comete um ilícito em nome da instituição. Ele o comete em cima dos seus interesses pessoais. Isso precisa ser separado — sob pena de comprometer a imagem da instituição. Nós precisamos defender os valores da instituição, e cada militar que pague individualmente pelos seus erros", observa.
Carta do chefe do Exército
Tomás Paiva, por sua vez, fez circular um documento interno pelas casernas. Intitulado Ordem Fragmentária nº 01, o texto foi considerado uma tentativa de resgatar o prestígio das forças terrestres entre a população. Ele também institui princípios de afastamento do entorno político, já previstos pela legislação brasileira.editada 20:02
"O Exército Brasileiro é uma instituição de Estado, apartidária, coesa, integrada à sociedade e em permanente estado de prontidão", diz um dos primeiros parágrafos do documento. Ainda de acordo com o registro, a ideia é "intensificar as ações que contribuam para a proteção e o fortalecimento da imagem e da reputação do Exército".
Farinazzo diz que o comandante está agindo dentro de seu papel. Trata-se, em sua opinião, de orientações "normais e necessárias".
"O governo [de Humberto] Castelo Branco, assim como o governo [de Ernesto] Geisel, procurou despolitizar as Forças Armadas. O que acontecia naquela época? Muitos oficiais generais ficavam décadas no posto e acabavam transformando as próprias Forças Armadas em um fiel do político. O trabalho do general Tomás é muito parecido com o trabalho que Geisel e o general Leônidas Pires Gonçalves (depois, no governo de José Sarney) tiveram. Ao general Leônidas foi dada a incumbência de trazer os militares de volta aos quartéis, uma coisa muito importante, porque institucionalizou a força", afirma, rememorando o período logo em seguida ao fim da ditadura militar brasileira.
Farinazzo admite que militares se partidarizaram em parte porque também são cidadãos. Ele pondera, contudo, que as funções do papel institucional devem ser separadas de preferências políticas, ideológicas e partidárias.
"É importante que militares da reserva e reformados concorram a cargos públicos, mas os militares da ativa têm que se manter afastados da política. Por quê? Não dá efetivamente para misturar a carreira das armas com política em virtude do peso da primeira. O peso da carreira das armas desequilibraria completamente o estamento político de qualquer país", avalia.
Segundo o comandante da reserva, há um momento geopolítico "complicadíssimo" em andamento para o Brasil, a partir da divisão entre dois grandes blocos de superpotências. Neste momento, as Forças Armadas têm que pensar sua missão institucional de construir a defesa e a soberania do país, acrescenta.
"E ela não vai conseguir pensar nessa necessidade se ela estiver politizada. Ela precisa olhar para fora, olhar para os desafios internacionais que incidem sobre o Brasil e construir seu papel em cima disso, atendendo aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário", conclui.