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Brasil chega na cúpula do G20 com força de pautas ambientais, da desigualdade e da nova ordem global
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Redução das desigualdades e questão ambiental serão os temas que vão nortear a pauta do Brasil na 18ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo do G20, que... 08.09.2023, Sputnik Brasil
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O grupo, que reúne as 19 maiores economias do mundo e a União Europeia (UE), começa o encontro profundamente fragmentado em relação à geopolítica mundial, sobretudo quanto a temas como o conflito entre Rússia e Ucrânia.Na esteira disso, o Brasil receberá, pela primeira vez, a presidência rotativa do G20, a partir de 1º de dezembro. A gestão se encerra em 30 de novembro de 2024. O país será responsável, portanto, pela próxima cúpula do G20, agendada para os dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro.Além disso, em outubro, o Brasil presidirá por um mês o Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), exatamente neste momento da reorganização da geopolítica mundial a partir de novas alianças, nas quais órgãos existentes são ampliados, e da disputa entre China e Estados Unidos, que se afunila entre sanções e declarações mais hostis.As divisões internas entre países-membros do G20 ficaram nítidas com a ampliação do BRICS, cujos fundadores são Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Argentina, Egito, Irã, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos foram convidados a ingressar no grupo durante a cúpula da sigla, ocorrida neste mês. O presidente francês, Emmanuel Macron, expressou o incômodo ocidental com a expansão, dizendo que ela "mostra uma intenção de construir uma ordem mundial alternativa à atual".Isabela Gama, especialista em BRICS, segurança e teoria das relações internacionais e pesquisadora pós-doutoranda da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), vê a preocupação de líderes ocidentais em relação a essa fragmentação, mas não somente isso.Sob a atual presidência da Índia, a cúpula do G20 começa na mesma toada: o Sul Global. Ao longo do último ano, Nova Deli apelou à "despolitização" das cadeias de abastecimento de alimentos e fertilizantes, a "mercados energéticos não discriminatórios" e ao progresso no "Quadro Comum" para enfrentar os desafios da dívida que assolam o mundo em desenvolvimento.O país também tem feito lobby ativamente para tornar as instituições globais mais representativas e inclusivas.A Índia também se recusou a ceder à pressão ocidental para convidar o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, para a cúpula do G20, com receio de que a sua aparição desviasse o foco da agenda de desenvolvimento do Sul Global.Gama afirma que o Brasil pode se beneficiar muito da cúpula do G20 e da futura sucessão no comando do grupo mundial, cujos membros são responsáveis por 85% do produto interno bruto (PIB) global, representam 75% do comércio mundial e compreendem dois terços da população do planeta.A especialista afirma, no entanto, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve deixar de lado o "caráter personalista da política externa dele".Como o Brasil está na liderança com Lula na presidência do bloco, prossegue a pesquisadora, já existe a expectativa de que ele vai colocar na pauta do G20 questões do Sul Global, deixando de lado questões relativas a países desenvolvidos.Ela aposta também que Lula deve investir, "como de praxe", na política que prega alterações do Conselho de Segurança da ONU para a inclusão de novos membros permanentes.
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Brasil chega na cúpula do G20 com força de pautas ambientais, da desigualdade e da nova ordem global
15:07 08.09.2023 (atualizado: 19:07 08.09.2023) Redação
Equipe da Sputnik Brasil
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Redução das desigualdades e questão ambiental serão os temas que vão nortear a pauta do Brasil na 18ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo do G20, que ocorre em Nova Deli, na Índia, durante este final de semana.
O grupo, que reúne as 19 maiores economias do mundo e a União Europeia (UE), começa o encontro
profundamente fragmentado em relação à geopolítica mundial, sobretudo quanto a temas como o
conflito entre Rússia e Ucrânia.
Na esteira disso, o Brasil receberá, pela primeira vez, a presidência rotativa do G20, a partir de 1º de dezembro. A gestão se encerra em 30 de novembro de 2024. O país será responsável, portanto, pela próxima cúpula do G20, agendada para os dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro.
Além disso, em outubro, o Brasil presidirá por um mês o
Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), exatamente neste momento da reorganização da geopolítica mundial a partir de novas alianças, nas quais órgãos existentes são ampliados, e da disputa entre China e Estados Unidos, que se afunila
entre sanções e declarações mais hostis.
As divisões internas entre países-membros do G20 ficaram nítidas com a
ampliação do BRICS, cujos fundadores são Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Argentina, Egito, Irã, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos foram convidados a ingressar no grupo durante a cúpula da sigla, ocorrida neste mês. O presidente francês, Emmanuel Macron,
expressou o incômodo ocidental com a expansão, dizendo que ela "mostra uma intenção de construir uma
ordem mundial alternativa à atual".
Isabela Gama, especialista em BRICS, segurança e teoria das relações internacionais e pesquisadora pós-doutoranda da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), vê a preocupação de líderes ocidentais em relação a essa fragmentação, mas não somente isso.
"O temor é que essa expansão do Sul Global, que não representa algo geográfico, mas sim mais civilizacional e de princípios, seja realmente uma ameaça à dominação do Ocidente com relação ao restante do mundo. Até porque o BRICS não vai só ameaçar a dominação ocidental: em termos econômicos, pode ser uma dominação e uma fragmentação de princípios de segurança internacional. Por exemplo como a Rússia está fazendo, com o apoio da China no conflito ucraniano (que pode ser visto como um conflito de interesses entre o Ocidente e o Oriente)", avaliou ela em entrevista à Sputnik Brasil.
7 de setembro 2023, 12:00
Sob a atual presidência da Índia, a cúpula do G20
começa na mesma toada: o Sul Global. Ao longo do último ano, Nova Deli apelou à "despolitização" das cadeias de abastecimento de alimentos e fertilizantes, a "
mercados energéticos não discriminatórios" e ao progresso no "Quadro Comum" para enfrentar os
desafios da dívida que assolam o mundo em desenvolvimento.
O país também tem feito lobby ativamente para tornar as instituições globais mais representativas e inclusivas.
A Índia também se recusou a ceder à pressão ocidental para convidar o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, para a cúpula do G20, com receio de que a sua aparição desviasse o foco da agenda de desenvolvimento do Sul Global.
Gama afirma que o Brasil pode se beneficiar muito da cúpula do G20 e da futura sucessão no comando do grupo mundial, cujos membros são responsáveis por 85% do produto interno bruto (PIB) global, representam 75% do comércio mundial e compreendem dois terços da população do planeta.
A especialista afirma, no entanto, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve deixar de lado o "caráter personalista da política externa dele".
"O Brasil pode se beneficiar bastante porque pode colocar em pauta questões relevantes como reforma do Conselho de Segurança da ONU, combate à desigualdade, desenvolvimento sustentável, acordos entre Mercosul e União Europeia, mas especialmente mudanças climáticas. Também com relação a questões de segurança internacional que o Brasil normalmente coloca em suas pautas, dado que o país tem uma visão um pouco diferente, mais neutra, com relação à paz e segurança no cenário internacional, que é o princípio de não intervenção", indicou.
3 de setembro 2023, 13:14
Como o Brasil está na liderança com Lula na presidência do bloco, prossegue a pesquisadora, já existe a expectativa de que ele vai colocar na pauta do G20 questões do Sul Global, deixando de lado questões relativas a países desenvolvidos.
Ela aposta também que Lula deve investir, "como de praxe", na política que prega alterações do Conselho de Segurança da ONU para a inclusão de novos membros permanentes.
"Nessa liderança do Brasil no G20, o país deve trazer, até mesmo neste encontro, temas como a desigualdade, não só na área social, mas a desigualdade entre países. O presidente vai trazer questões relativas ao BRICS, à União Africana, e questões como fome, combate à pobreza. Uma agenda social de maneira geral, e menos assuntos econômicos", aposta. "Acredito que já exista essa expectativa com relação ao Brasil, até porque é uma agenda que beneficia não só o Sul Global, mas obviamente o Brasil. Questões como mudanças climáticas, que incluem a proteção da Amazônia, são temas que beneficiam bastante o Brasil, que está se esforçando neste momento para tentar colocar como um assunto de importância global."