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Analista explica ruptura da Bolívia com Israel: 'Estamos falando de crimes contra a humanidade'

© AFP 2023 / Sergio LimaO presidente da Bolívia, Luis Arce, ouve o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, falando durante uma reunião com outros líderes sul-americanos no Palácio do Itamaraty, em Brasília, 30 de maio de 2023
O presidente da Bolívia, Luis Arce, ouve o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, falando durante uma reunião com outros líderes sul-americanos no Palácio do Itamaraty, em Brasília, 30 de maio de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 01.11.2023
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O governo de Luis Arce anunciou na terça-feira (31) que a Bolívia rompeu relações com Israel devido à escalada do conflito em Gaza, que deixou mais de 8.000 mortos em território palestino.
O anúncio feito pelo vice-chanceler boliviano, Freddy Mamani, em entrevista coletiva transmitida da Casa Grande Del Pueblo — a residência presidencial boliviana, onde afirmou que a posição do país em relação a Israel está articulada de acordo com a Carta das Nações Unidas, que rejeita "todos os tipos de tratamento cruel, desumano e degradante estabelecido na Declaração Universal dos Direitos Humanos".
Assim, a Bolívia decidiu romper relações "em repúdio e condenação da ofensiva militar israelense agressiva e desproporcional levada a cabo na Faixa de Gaza e da ameaça a paz e segurança internacionais", disse o responsável e sustentou que o Estado boliviano exige o cessar-fogo e o fim do bloqueio que Israel mantém contra o enclave palestino para impedir a entrada de alimentos, medicamentos e outros recursos de ajuda humanitária.
Segundo o analista internacional Carlos Manuel López Alvarado, a decisão do governo Arce é "correta", pois diante da escalada do conflito israelo-palestino é necessária pressão internacional para aliviar a situação.
"Vemos que cada vez mais vozes começam a se unir na região e a nível internacional para condenar o Estado de Israel; agora já não estamos falando sobre condenar ou não o ataque perpetrado pelo Hamas, mas sim que Israel continua a operacionalizar práticas contra os direitos humanos, crimes contra a humanidade e, claro, podemos falar de genocídio [em Gaza]", afirma o acadêmico da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM).
"A decisão da Bolívia é correta porque a comunidade internacional tem que pressionar para, precisamente, forçar Israel a parar, a reverter estas operações terrestres, que nada mais são do que uma limpeza contra a população palestina", acrescenta.
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O cerco militar de Israel à Faixa de Gaza, sustentado desde 7 de outubro e que nos últimos dias escalou para operações terrestres, já custou a vida a 8.306 pessoas desde esse dia, incluindo a vida de mais de 3.450 crianças, segundo o Ministério da Saúde palestino, citado pela Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês).
No dia 7 de outubro, o Hamas lançou milhares de foguetes contra Israel a partir da Faixa de Gaza, em um ataque sem precedentes, e realizou uma incursão armada nas áreas da fronteira sul do país, o que levou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a declarar "Estado de guerra".
Embora recente, a posição de La Paz em relação a Tel Aviv não é inédita, já que em 2009 o então presidente Evo Morales anunciou o corte das relações diplomáticas com Israel pelo mesmo motivo. E ainda que a relação tenha sido retomada com a chegada de Jeanine Áñez à presidência em 2019, a diplomacia entre as duas nações durou pouco tempo.
Segundo o acadêmico mexicano, a decisão de Evo, em 2009, estava de acordo com a ação e o discurso do seu governo: cuidar dos mais desfavorecidos e condenar as desigualdades e opressões contra o povo.
"Luis Arce faz isso de novo pela simples razão de que as constantes violações dos direitos humanos e contra a humanidade [perpetradas por Tel Aviv] não podem mais ser ignoradas", afirma López Alvarado.
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