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Embaixada do Brasil na Argentina enviou 560 mensagens para o Itamaraty ao monitorar eleição no país

© AP Photo / Natacha PisarenkoAs bandeiras do Brasil e da Argentina são vistas através da cerca dentro do Ministério das Relações Exteriores antes de uma reunião entre o ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, e a ministra das Relações Exteriores da Argentina, Susana Malcorra, em Buenos Aires, Argentina
As bandeiras do Brasil e da Argentina são vistas através da cerca dentro do Ministério das Relações Exteriores antes de uma reunião entre o ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, e a ministra das Relações Exteriores da Argentina, Susana Malcorra, em Buenos Aires, Argentina - Sputnik Brasil, 1920, 30.12.2023
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Antes da eleição que deu vitória a Javier Milei, o Itamaraty, em uma extensa troca de telegramas com sua embaixada em Buenos Aires, monitorou de perto o percurso eleitoral argentino.
De acordo com a coluna de Malu Gaspar em O Globo, a embaixada brasileira em Buenos Aires trocou nada menos que 560 expedientes telegráficos com a Secretaria de Estado das Relações Exteriores (Sere), em Brasília, entre 1º de setembro e 20 de novembro. Um total de aproximadamente 1.400 páginas desde o mês seguinte às primárias até o dia após a eleição.
Os números foram informados pelo próprio Itamaraty em resposta a um pedido feito pela coluna via Lei de Acesso à Informação, e a maioria dos telegramas são assinados pelo embaixador no país vizinho, Julio Glinternick Bitelli, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Durante o período de transição na Casa Rosada, o MRE brasileiro destacou uma "correção de rumos" por parte de Milei após a eleição em uma campanha marcada por um discurso agressivo contra o Brasil e outros países.
"As recentes declarações de Milei e de sua designada futura chanceler [Diana Mondino] parecem sinalizar propositadamente uma necessária correção de rumos em relação ao que foi expressado [...] durante a campanha presidencial, o que faz transparecer, ao menos no discurso, uma opção, ainda que tardia, pelo pragmatismo e por boa dose de realismo na condução das relações externas do país, em especial com seus maiores sócios comerciais", observa o embaixador Bitelli em uma das mensagens.
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Nesse mesmo trecho, o diplomata relata uma conversa entre Milei e o então presidente da Argentina, o peronista Alberto Fernández, no qual o ex-presidente teria dito ao sucessor que o presidente brasileiro "é um pragmático".

"Se você acha que Lula é um comunista, é porque não o conhece", teria dito o peronista, em diálogo atribuído à mídia argentina e citada pelo O Globo.

A mensagem em tom de puxão de orelha reflete o ápice do "climão" diplomático entre Brasil e Argentina, agravado pelo convite do ex-presidente Jair Bolsonaro para a posse antes de um aceno a Lula, como reza a praxe diplomática.
Ontem (29), foi noticiado que Milei enviou uma carta aos países-membros do BRICS para sinalizar que a Argentina não entraria no bloco a partir de 1º de janeiro. Na carta enviada a Brasília, o presidente argentino Milei, demonstrou interesse em reunir-se com Lula para "manifestar sua consideração" pelo homólogo brasileiro, segundo a coluna de Tales Faria no UOL.
Mas o colunista afirma que o petista "não tem a menor pressa em se reunir com o presidente da Argentina e prefere esperar para ver como se desenrola a situação interna do país vizinho".
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Sobre os telegramas mencionados anteriormente, eles não se restringiram apenas à eleição presidencial. A Embaixada em Buenos Aires também monitorou as chamadas Prévias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias dos partidos argentinos, que funcionam como uma antecipação do prognóstico eleitoral, segundo O Globo.
A representação brasileira acompanhou de perto até mesmo disputas estaduais, com o objetivo de informar o Itamaraty sobre o contexto eleitoral e a tração das principais forças políticas argentinas rumo ao primeiro turno, realizado em 22 de outubro.
O monitoramento de eleições por embaixadas é uma atividade de praxe das representações diplomáticas, especialmente em casos de países estratégicos.
Mas os documentos ajudam a elucidar quais informações subsidiaram o governo Lula na leitura dos cenários do país vizinho – e quais os principais pontos de interesse da administração petista em relação ao novo ocupante da Casa Rosada, escreve a mídia.
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