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Por que o BRICS é tão popular?

© AP Photo / Gianluigi GuerciaLula, Xi Jinping, Cyril Ramaphosa, Narendra Modi, e Sergei Lavrov posam para uma foto do grupo BRICS durante a Cúpula do BRICS de 2023, no Centro de Convenções de Sandton em Joanesburgo. África do Sul, 23 de agosto de 2023
Lula, Xi Jinping, Cyril Ramaphosa, Narendra Modi, e Sergei Lavrov posam para uma foto do grupo BRICS durante a Cúpula do BRICS de 2023, no Centro de Convenções de Sandton em Joanesburgo. África do Sul, 23 de agosto de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 04.03.2024
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No início da década, os países que formavam o BRICS — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — começaram a considerar abrir o grupo à entrada de novos membros. Hoje, já são 34 países na fila de espera querendo se unir ao grupo. Afinal, por que o BRICS é tão popular?
Os atrativos do BRICS, o país com maior chance de entrar, e o futuro do bloco foram alguns dos temas discutidos no episódio desta segunda-feira (4) do Mundioka, podcast da Sputnik Brasil, apresentado pelos jornalistas Melina Saad e Marcelo Castilho.

Quais as vantagens de entrar no BRICS?

Remendado inicialmente por um analista do Goldman Sachs como um grupo de países com boas economias para investimentos estrangeiros, o BRIC — a África do Sul se uniu ao grupo em 2010, um ano depois da primeira reunião formal do grupo — se transformou, com o passar do tempo, em um modelo de referência para nações do Sul Global que não veem seus desejos representados nos instrumentos tradicionais da ordem ocidental, como a Organização Mundial do Comércio, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional.
Em 2020, o BRICS começou a discutir a entrada de novos membros e, em 2024, o Egito, o Irã, os Emirados Árabes Unidos e a Etiópia se juntaram ao grupo. A Argentina também havia sido aceita, porém seu presidente recém eleito, Javier Milei, decidiu não prosseguir com a entrada. Já a Arábia Saudita afirmou que ainda está avaliando se dará seguimento ou não ao ingresso.
A entrada dessas novas nações acendeu uma esperança de participação para os demais países do mundo, que veem na entrada no BRICS uma possibilidade de desenvolver projetos junto a grandes atores globais.
"A maioria dos países que querem entrar no BRICS são países um pouco mais pobres do que os países do Norte Global, mas também são países relevantes para a economia mundial e muitas vezes são deixados de lado", explicou Giovana Branco, doutoranda em ciência política e pesquisadora de política russa.

"O BRICS tem um grande potencial de atração para os países do Terceiro Mundo porque se mostra como um bloco um pouco mais plural do que o que a gente já tinha antes."

Para Tomaz Paoliello, professor de relações internacionais da Pontifica Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), a prosperidade econômica vivida pelos países do BRICS, puxada muito em parte pelo desenvolvimento chinês, é um dos grandes motivos para a cobiça por uma vaga no grupo. "O mundo todo se beneficia do crescimento chinês", afirmou.
"Mas eu acho que são países que veem uma oportunidade de se aproximar da China e nessa aproximação cavar projetos interessantes, como linhas de financiamento", disse. Segundo o especialista, é como se dissessem:
"'Estamos juntos com a China porque é ali que tem oportunidades, é a China que pode nos garantir alguma proteção, alguma salvaguarda do ponto de vista geopolítico'."

Expansão do BRICS beneficia a China e a Rússia

Os maiores interessados na expansão do BRICS, afirmou Branco, são a China e a Rússia, países que são mais combativos à ordem mundial vigente. Brasil, Índia e África do Sul, mais neutros, por sua vez, teriam sido contrários ao aumento no número de membros do BRICS.
Segundo a especialista, quanto mais países "com influência na economia mundial" entram no grupo, mais o protagonismo de cada nação sobre as decisões diminui. A única que não vê seu poder diminuir é a China, uma vez que possui uma economia que se sobressai a todas as outras, afirma. Para Moscou, por sua vez, a principal vantagem seria fortalecer seus laços diplomáticos.
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África será favorita na próxima rodada de adesões

Uma nova rodada de expansão dos países-membros está prevista para acontecer, ainda que não tenha data definida. A primeira deu bastante protagonismo aos países do Oriente Médio e mundo islâmico. A segunda deverá focar nos países africanos, que veem sua população e economia crescerem em altos níveis.
"Aqui na América do Sul, infelizmente, não temos muitos candidatos de fato", afirmou Branco. O único era a Argentina, que optou por não prosseguir.

"O potencial econômico e também populacional que esses países [da África] têm, parece que pode ser, sim, um futuro muito interessante para o BRICS."

Qual o futuro do BRICS?

Ainda que esteja se expandido, o BRICS tem uma atuação ainda um pouco etérea. Não se constitui como aliança militar como a OTAN, nem como um bloco econômico. Pelo contrário, seu objetivo parece se apresentar como uma alternativa ao modo de desenvolvimento do Norte Global, afirma Paoliello.
Nesse sentido, pode ser que o que caráter do grupo mude no futuro, mas uns casos são mais prováveis que outros.
Um caminho de aliança militar é improvável, acreditam ambos os especialistas. Para Paoliello, no entanto, essa aliança, caso se materializasse, poderia se dar a partir da venda de armas e transferência de tecnologias, uma vez que se tem um mercado muito grande de produtos militares dentro de alguns dos países do BRICS. "Mas, nesse momento, eu não vejo que o bloco vá caminhar para um bloco militar", disse.
Giovana Branco acredita que o mais provável é que o grupo se torne um bloco geopolítico, que coloque questões importantes para si no debate mundial, desde política ambiental, internacional, e votem juntos nos fóruns mundiais, como a Assembleia Geral da ONU.
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