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'Ação e Reação': ataque iraniano a Israel é o ensaio de um confronto global mais amplo
'Ação e Reação': ataque iraniano a Israel é o ensaio de um confronto global mais amplo
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No dia 13 de abril, o Irã realizou um massivo ataque por meio de inúmeros drones e mísseis contra o território de Israel. Tratou-se da primeira ofensiva direta... 15.04.2024, Sputnik Brasil
2024-04-15T15:12-0300
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Vai o governo israelense responder ao ataque, provocando assim uma escalada sem volta da situação? Pelo que foi demonstrado até o momento, ainda não. Netanyahu teria sido dissuadido de retaliar o Irã agora, por conta do desencorajamento que recebeu da administração americana. Ademais, também não há indícios de que o Irã pretenda levar o recente conflito para um estágio mais grave. Afinal, como informado por Ali Khamenei, líder supremo do Irã, o ataque do dia 13 a Israel fora uma resposta à morte de cerca de 18 membros da Guarda Revolucionária iraniana, vítimas de um ataque aéreo israelense na Síria no começo deste mês.Logo, a invectiva por parte do Irã no território de Israel no último sábado (13) teria o caráter de uma simples resposta "olho por olho" (conforme presente na Torá, livro sagrado dos judeus). Toda essa crise, portanto, fora iniciada pelos próprios israelenses, que, no princípio do mês, atacaram a Embaixada do Irã em Damasco, causando a morte de generais iranianos. Seja como for, ao eliminar um pequeno — porém importante — contingente do corpo militar do Irã, Israel não só se beneficiou, como também beneficiou os Estados Unidos, que também veem em Teerã uma ameaça aos interesses americanos no Oriente Médio. Contudo, o governo estadunidense pareceu estar por momento satisfeito, apontando que não pretende tomar parte numa ação retaliatória de Israel contra o Irã. O que não quer dizer, em absoluto, que tal ação não seja programada no futuro, quando o conflito em Gaza estiver terminado, por exemplo. Afinal, uma das razões pelas quais Washington não deseja escalar a situação com o Irã tem a ver com o aumento da pressão, tanto doméstica quanto internacional, por seu apoio praticamente incondicional às controversas operações de Israel em Gaza desde outubro do ano passado.O Irã, por outro lado, após os ataques do dia 13, apenas pede aos israelenses para se comportarem e não mais realizarem ataques que visem qualquer destacamento militar iraniano seja dentro do país ou no exterior. É difícil, no entanto, imaginar que Israel permanecerá em sossego por muito tempo, mesmo diante de uma administração americana receosa de se complicar ainda mais por seu envolvimento com Tel Aviv no Oriente Médio. Contestado internamente, Netanyahu poderá, em momento oportuno, aumentar novamente o tom com relação ao Irã e, mais do que isso, aprovar novos ataques aéreos contra alvos iranianos tanto na Síria como nos demais países vizinhos, como o Líbano, sede do Hezbollah. Por ora, autoridades em Tel Aviv prometeram formar uma coalização regional, a fim de responder ao Irã "no tempo certo". Quando será esse "tempo certo" ninguém ainda é capaz de dizer.Em verdade, Teerã já tem incitado esses grupos a fazer frente ao governo de Israel desde o início da guerra em Gaza, aumentando significativamente a pressão sobre Netanyahu. Agora que mais uma linha vermelha foi cruzada, a saber, após o Irã ter lançado pela primeira vez um ataque direto contra Israel, a situação toda ganha contornos ainda mais dramáticos do que antes. Infelizmente, no entanto, vimos os países ocidentais quietos quando se tratou de condenar as ações de Israel não somente na Síria, como também, e principalmente, em referência às operações militares do Exército israelense na Faixa de Gaza.A Rússia, por sua vez, expressou preocupação quanto à possibilidade de outra escalada militar no Oriente Médio. Quanto a Gaza, Moscou vem desde outubro do ano passado pedindo pelo estabelecimento de um cessar-fogo imediato na região, algo que só não aconteceu devido ao veto ocidental no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Seja como for, fato é que a natureza complexa das numerosas crises ainda não resolvidas no Oriente Médio, em especial a questão envolvendo Israel e a Palestina, coloca tanto atores regionais como extrarregionais numa situação de tensão constante. Para piorar, de certo modo faz muito tempo que Israel age como se tivesse recebido uma carta branca do Ocidente para fazer o que quiser, seja em Gaza, seja nos países vizinhos, como Líbano e Síria, por exemplo. No entanto, o ataque recente do Irã demonstrou que há, sim, "limites" a esse tipo de situação e que Israel nem sempre sairá impune por suas ações, sobretudo quando falamos de um ataque às missões diplomáticas de um país soberano no exterior. No mais, os ataques iranianos do dia 13 contra Israel são sintomáticos do momento que o mundo vive hoje. Afinal, a própria Rússia, em fevereiro de 2022, também colocou um "limite" às ações dos Estados Unidos no continente europeu, em se tratando do avanço da OTAN para o leste, que prometia, mais cedo ou mais tarde, absorver a Ucrânia. A China, por outro lado, por mais que se mantenha distante dos acontecimentos em curso no Oriente Médio e, de certo modo, até mesmo na Europa, já deixou claro que não deixará de defender seus interesses nacionais e de segurança no Leste Asiático, opondo-se à presença militar americana na região e à sua parceria com países como Coreia do Sul, Japão e Austrália.É por isso que os ataques iranianos do último dia 13 podem servir como um ensaio — ou uma espécie de prelúdio — de um confronto global mais amplo e perigoso, que já vem se desenhando ao longo das últimas décadas.Infelizmente, disso resulta um cenário internacional bastante imprevisível, é verdade. A questão é que há alguns países que não estão dispostos a aceitar serem humilhados pelos "senhores da guerra" ocidentais. E o Irã, como vimos no último dia 13, é certamente um deles.As opiniões expressas neste artigo podem não coincidir com as da redação.
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'Ação e Reação': ataque iraniano a Israel é o ensaio de um confronto global mais amplo
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No dia 13 de abril, o Irã realizou um massivo ataque por meio de inúmeros drones e mísseis contra o território de Israel. Tratou-se da primeira ofensiva direta empreendida pelo Irã contra Israel, sem a utilização de grupos auxiliados por Teerã, como é o caso do Hamas e do Hezbollah. O mundo então se pergunta: o que esperar a partir de agora?
Vai o governo israelense responder ao ataque, provocando assim uma escalada sem volta da situação? Pelo que foi demonstrado até o momento, ainda não. Netanyahu teria sido dissuadido de retaliar o Irã agora, por conta do desencorajamento que recebeu da administração americana. Ademais, também não há indícios de que o Irã pretenda levar o recente conflito para um estágio mais grave. Afinal, como informado por Ali Khamenei, líder supremo do Irã, o ataque do dia 13 a Israel fora uma resposta à morte de cerca de 18 membros da Guarda Revolucionária iraniana, vítimas de um ataque aéreo israelense na Síria no começo deste mês.
Logo, a invectiva por parte do Irã no território de Israel no último sábado (13) teria o caráter de uma simples resposta "
olho por olho" (conforme presente na Torá, livro sagrado dos judeus). Toda essa crise, portanto, fora iniciada pelos próprios israelenses, que, no princípio do mês,
atacaram a Embaixada do Irã em Damasco, causando a morte de generais iranianos. Seja como for, ao eliminar um pequeno — porém importante — contingente do corpo militar do Irã, Israel não só se beneficiou, como
também beneficiou os Estados Unidos, que também veem em Teerã uma ameaça aos interesses americanos no Oriente Médio. Contudo,
o governo estadunidense pareceu estar por momento satisfeito, apontando que não pretende tomar parte numa ação retaliatória de Israel contra o Irã. O que não quer dizer, em absoluto, que tal ação não seja programada no futuro, quando o conflito em Gaza estiver terminado, por exemplo. Afinal, uma das razões pelas quais Washington não deseja escalar a situação com o Irã tem a ver com o aumento da pressão, tanto doméstica quanto internacional, por seu apoio praticamente incondicional às controversas operações de Israel em Gaza desde outubro do ano passado.
O Irã, por outro lado, após os ataques do dia 13, apenas pede aos israelenses para se comportarem e não mais realizarem ataques que visem qualquer destacamento militar iraniano seja dentro do país ou no exterior. É difícil, no entanto, imaginar que Israel permanecerá em sossego por muito tempo, mesmo diante de uma administração americana receosa de se complicar ainda mais por seu envolvimento com Tel Aviv no Oriente Médio. Contestado internamente, Netanyahu poderá, em momento oportuno, aumentar novamente o tom com relação ao Irã e, mais do que isso,
aprovar novos ataques aéreos contra alvos iranianos tanto na Síria como nos demais países vizinhos, como o Líbano, sede do Hezbollah. Por ora, autoridades em Tel Aviv prometeram formar uma coalização regional, a fim de responder ao Irã "no tempo certo". Quando será esse "tempo certo" ninguém ainda é capaz de dizer.
Uma coisa, no entanto, é certa: as tensões no Oriente Médio prometem continuar aumentando. Se Israel é a potência militar mais tecnologicamente avançada da região, o Irã aparentemente é capaz de exercer influência sobre grupos como o Hezbollah no Líbano, os houthis no Iêmen e o próprio Hamas em Gaza, de forma a executar ataques em diversas frentes.
Em verdade, Teerã já tem incitado esses grupos a fazer frente ao governo de Israel desde o início da guerra em Gaza, aumentando significativamente a pressão sobre Netanyahu. Agora que mais uma linha vermelha foi cruzada, a saber, após o Irã ter lançado pela primeira vez um ataque direto contra Israel, a situação toda ganha contornos ainda mais dramáticos do que antes. Infelizmente, no entanto, vimos os países ocidentais quietos quando se tratou de condenar as ações de Israel não somente na Síria, como também, e principalmente, em referência às operações militares do Exército israelense na Faixa de Gaza.
A Rússia, por sua vez, expressou preocupação quanto à possibilidade de outra escalada militar no Oriente Médio. Quanto a Gaza, Moscou vem desde outubro do ano passado pedindo pelo estabelecimento de um cessar-fogo imediato na região, algo que só não aconteceu devido ao veto ocidental no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Seja como for, fato é que a natureza complexa das numerosas crises ainda não resolvidas no Oriente Médio, em especial a questão envolvendo Israel e a Palestina, coloca tanto atores regionais como extrarregionais numa situação de tensão constante. Para piorar, de certo modo faz muito tempo que
Israel age como se tivesse recebido uma carta branca do Ocidente para fazer o que quiser, seja em Gaza, seja nos países vizinhos, como Líbano e Síria, por exemplo. No entanto, o ataque recente do Irã demonstrou que há, sim, "limites" a esse tipo de situação e que Israel nem sempre sairá impune por suas ações, sobretudo quando falamos de um ataque às missões diplomáticas de um país soberano no exterior. No mais, os ataques iranianos do dia 13 contra Israel são sintomáticos do momento que o mundo vive hoje. Afinal, a própria Rússia, em fevereiro de 2022, também colocou um "limite" às ações dos Estados Unidos no continente europeu, em se tratando do avanço da OTAN para o leste, que prometia, mais cedo ou mais tarde, absorver a Ucrânia. A China, por outro lado, por mais que se mantenha distante dos acontecimentos em curso no Oriente Médio e, de certo modo, até mesmo na Europa, já deixou claro que não deixará de defender seus interesses nacionais e de segurança no Leste Asiático,
opondo-se à presença militar americana na região e à sua parceria com países como Coreia do Sul, Japão e Austrália.
É por isso que os ataques iranianos do último dia 13 podem servir como um ensaio — ou uma espécie de prelúdio — de um confronto global mais amplo e perigoso, que já vem se desenhando ao longo das últimas décadas.
Afinal, iranianos, russos e chineses são justamente os principais opositores dessa ordem internacional (supostamente) "baseada em regras" que o Ocidente tanto defende, mas que, na realidade, não passa de uma ordem em que Washington é quem dita as regras para o restante do mundo.
Infelizmente, disso resulta um cenário internacional bastante imprevisível, é verdade. A questão é que há alguns países que não estão dispostos a aceitar serem humilhados pelos "senhores da guerra" ocidentais. E o Irã, como vimos no último dia 13, é certamente um deles.
As opiniões expressas neste artigo podem não coincidir com as da redação.
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