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O que se sabe sobre o 'apagão eleitoral' que procurou mergulhar a Venezuela no caos

© Foto / Conselho Nacional Eleitoral da VenezuelaConselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela
Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela - Sputnik Brasil, 1920, 30.07.2024
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Durante a cerimônia de proclamação como presidente eleito, Nicolás Maduro informou que o Conselho Nacional Eleitoral foi vítima de um ataque cibernético que serviria de pretexto para iniciar uma escalada de violência e provocar uma mudança de governo independentemente dos resultados eleitorais.
"Houve um ataque massivo como nunca na nossa história ao sistema de transmissão do Conselho Nacional Eleitoral [CNE]. O ataque continua. Centenas de ataques ao site da CNE", relatou o chefe de Estado, que acrescentou ter interrompido o sistema para evitar "a transmissão de dados que provocasse um apagão eleitoral".
"Como não puderam causar o apagão elétrico, [tentaram] um apagão eleitoral e que não houvesse resultado eleitoral. E se neste momento não houvesse resultado eleitoral, eles teriam incendiado a Venezuela. [...] esse era o plano", explicou.
Devido à gravidade dos acontecimentos, Maduro solicitou imediatamente que o Conselho de Estado fosse acionado para avaliar e investigar minuciosamente todos os ataques ao sistema eleitoral venezuelano.

O apagão eleitoral

Víctor Theoktisto, doutor em informática e auditor externo do CNE para a supervisão e estudo do Sistema Eleitoral no software de sistema, segurança digital, criptografia e transmissão segura de dados entre junho e julho de 2021, explicou à Sputnik que o ataque referido por Maduro foi um DOS (Denial Of Service ou Negação de serviço) realizado a partir da República da Macedônia do Norte e que consiste em saturar as redes com uma enorme quantidade de tráfego espúrio para evitar sucesso na transmissão da informação.
"Embora seja impossível alterar o conteúdo do que foi transmitido, as ligações foram reduzidas. De tal forma que raramente foram concluídas com sucesso, retardando todo o processo de totalização. Foi uma situação prevista pelas agências de inteligência com a ajuda dos operadores e acabou por ser resolvida, mas causou um atraso notável", afirmou.
Ainda segundo Theoktisto, o ataque ao site da CNE, aos meios de comunicação do Estado e, em geral, "aos serviços da administração pública, continua como um ataque global e multifatorial ao Estado venezuelano".
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Sistemas de apoio à votação

De acordo com Theoktisto, a comunicação entre as urnas e ao Centro Nacional de Totalização é baseada em uma rede WAN (Wide Area Network ou Rede de área ampla) fornecida pela operadora de telefonia nacional através da rede de telecomunicações que transmite dados de linhas telefônicas, Metro Ethernet e serviço GSM ou via satélite em áreas remotas.
A rede de transmissão utilizada, acrescenta o especialista, é exclusiva do processo eleitoral e não utiliza Internet.
Para o especialista em informática e auditoria de sistemas eleitorais, o apelo que o presidente Maduro fez ao Conselho de Estado para melhorar a segurança do sistema eleitoral e protegê-lo ainda mais de tais ataques é uma prioridade absoluta.
Theoktisto explicou que quando o processo de votação é encerrado à mesa, a máquina totaliza automaticamente todos os votos obtidos por cada candidato e transmite o resultado (Registo de Escrutínio) ao Centro Nacional de Totalização. Esses dados são devidamente encriptados através de dispositivos tecnológicos impossíveis de alterar, manipular ou eliminar.
A máquina então gera o mesmo relatório de escrutínio impresso em papel semelhante aos das maquininhas de venda. "Neste papel é onde estão impressos os dados da mesa, dia, hora, vários códigos de segurança — para não serem suplantados por cópias falsas e únicas para cada mesa — os votos de cada candidato, por organização política, total de votos, nulos votos etc.", explicou ele.
Além disso, 50% das mesas são auditadas de forma aleatória seguindo um procedimento denominado Verificação Cidadã, onde é corroborada a correspondência entre os resultados da votação que constam do Registro de Escrutínio impresso e os recibos de voto depositados na correspondente caixa de recibos.

"Em suma, todas as organizações políticas que credenciaram as suas testemunhas têm atualmente, impressos, todos os editais em cada uma das mais de 30 mil mesas de voto", disse o especialista.

Theoktisto salientou que é absolutamente necessário conhecer a fundo todos estes processos de verificação e salvaguarda do voto, para manter intacta a credibilidade de um órgão tão importante para a paz e democracia do país como o CNE.
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