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Operativo entre Venezuela e Colômbia delineia 'futuro mais esperançoso' para os laços bilaterais

© AP Photo / Ariana CubillosO presidente da Colômbia, Gustavo Petro (à esquerda), aperta a mão do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em Caracas, em 1º de novembro de 2022
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro (à esquerda), aperta a mão do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em Caracas, em 1º de novembro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 31.01.2025
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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta sexta-feira (31) mais detalhes da operação Relâmpago do Catatumbo, em conjunto com a Colômbia, focada em garantir a paz e a segurança na região fronteiriça. Um especialista consultado pela Sputnik destacou que a medida visa assegurar a presença do Estado no território nacional.
O mandatário latino-americano afirmou que a colaboração binacional surge no âmbito do exercício Escudo Bolivariano 2025, cujo objetivo é proteger a população e garantir a paz na fronteira. Essa operação ocorre em um contexto geopolítico marcado pela presença de grupos armados irregulares, narcotráfico e diversos crimes transnacionais.
A Sputnik conversou sobre o tema com o analista político venezuelano Armando Carrieri, que ofereceu sua perspectiva sobre os antecedentes, objetivos e desafios dessa operação binacional.
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Mudança de enfoque na relação binacional

A operação Relâmpago do Catatumbo faz parte de uma série de manobras realizadas pela Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) desde 2023, englobadas na operação Autana.
De acordo com Carrieri, essas ações respondem à doutrina de segurança e defesa territorial da Venezuela, cujo principal objetivo é "proteger a fronteira nacional e garantir a presença efetiva do Estado em todo o território".
O analista destacou que, devido à situação na Colômbia — caracterizada por um conflito armado de natureza híbrida, que tem repercussões na Venezuela, "cabe ao Estado, por meio da FANB, garantir a presença efetiva em todo o território nacional".
Esse princípio, explicou Carrieri, permite entender a articulação binacional com o governo colombiano para reforçar a segurança em ambos os lados da fronteira.
Um aspecto crucial dessa colaboração é a mudança de enfoque nas relações bilaterais sob o mandato do presidente colombiano, Gustavo Petro.
Carrieri destacou que, diferentemente de seus predecessores Iván Duque, Juan Manuel Santos e Álvaro Uribe, Petro adotou uma postura "mais soberana e orientada para a paz nos assuntos bilaterais".
Enquanto os governos colombianos anteriores mantinham agendas alinhadas com interesses estrangeiros que perpetuavam o conflito na região fronteiriça, a atual administração demonstrou uma abordagem "mais racional e construtiva".
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Mensagem aos EUA

A coordenação entre os governos das duas nações para proteger e desocupar a fronteira comum, que abrange mais de 2 mil quilômetros, ocorre sem a participação do Exército dos Estados Unidos.
Dessa forma, o operativo também serve como uma mensagem ao governo norte-americano. Carrieri lembrou que os EUA mantêm sete bases militares em território colombiano com objetivos pouco claros, as quais, "até o momento, não contribuíram para mitigar o conflito armado de natureza híbrida na região".

O especialista destacou que essa decisão "marca uma mudança significativa nas dinâmicas de poder na região".

Uma nova geopolítica

A fronteira entre Colômbia e Venezuela é uma das mais críticas da América Latina, devido à convergência de guerrilhas e crime organizado, além da presença de paramilitares e forças de segurança de ambas as nações.
Carrieri explicou que historicamente essa região enfrenta desafios complexos, como o narcotráfico, o tráfico de pessoas e o tráfico de órgãos. No entanto, destacou que o governo colombiano, sob o mandato de Gustavo Petro, tem tomado medidas significativas para assegurar a governança nessa região em articulação com a Venezuela.
O especialista também ressaltou que a operação conjunta binacional não apenas busca enfrentar problemas comuns, mas também reflete uma nova geopolítica baseada na multipolaridade e na complementaridade entre nações.

"Essa aproximação rompe com a política tradicional da Colômbia, que no passado apoiou tentativas de invasão e planos conjuntos com exércitos internacionais contra a Venezuela, como […] o Plano Balboa", explicou.

Um passo para o futuro

Apesar dos desafios, Carrieri considerou que a união das forças armadas para abordar problemas compartilhados é um passo histórico que "abre a porta para um futuro mais esperançoso nas relações bilaterais".
Fatores como a vontade política de ambos os governos, a cooperação internacional e a memória histórica de colaboração jogam a favor dessa proposta.
No entanto, alertou que desafios como a influência de atores ilegais, os interesses externos e as tensões históricas podem dificultar o processo.

"A operação conjunta representa um avanço significativo e pode estabelecer as bases para novas propostas e alianças entre ambas as nações, fortalecendo a paz e a segurança na região fronteiriça", concluiu Carrieri.

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