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'Desafio hercúleo': Brasil caminha por linha tênue entre avanço petroleiro e preservação ambiental
'Desafio hercúleo': Brasil caminha por linha tênue entre avanço petroleiro e preservação ambiental
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O Brasil está pondo em marcha dois caminhos aparentemente contraditórios. Ao mesmo tempo em que sediará a COP30, em novembro, o governo federal busca avançar... 12.02.2025, Sputnik Brasil
2025-02-12T21:09-0300
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Nesta quarta-feira (12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a comentar a exploração dos poços de petróleo na Margem Equatorial, afirmando que fará uma reunião entre a Casa Civil e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) nesta ou na próxima semana.O empreendimento ainda está nas fases iniciais devido a um "lenga-lenga", como descrito por Lula, do Ibama, que tarda em autorizar a perfuração de poços para estudos pela Petrobras. Estes são necessários para avaliar a viabilidade econômica das áreas a serem exploradas.Estima-se que só no poço da foz do Amazonas, um dos 16 planejados pela estatal, seja possível extrair 10 bilhões de barris. Segundo o Ministério de Minas e Energia, entre impostos e royalties, até 2055 a receita gerada pela exploração da região, que se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte, será de R$ 3 trilhões.Também na semana que vem o governo federal pretende se reunir para discutir a adesão do Brasil à Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+).Composta por 12 nações, a sigla atua para influenciar o preço do barril do petróleo, ditando limites de produção para seus membros. Junto dos demais dez associados, os membros da organização são responsáveis por cerca de 40% do mercado internacional de petróleo e 80% das reservas comprovadas.Ao aderir à OPEP+, o Brasil se mostra disposto a colaborar com as políticas do grupo. Em troca, ganha o direito de participar das reuniões em caráter consultivo, isto é, sem direito a voto.Em entrevista à Sputnik Brasil, o pesquisador de petróleo e gás da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e analista de geopolítica do Centro de Estudos das Relações Internacionais (Ceres) Luis Medeiros Rutledge afirma que, apesar de estar entrando na OPEP+, o petróleo é o que menos motiva o país a aderir à organização."Não possuímos uma economia dependente do petróleo e sustentada pelo preço do petróleo, como a maioria dos membros da OPEP+", argumenta. Ou seja, o Brasil entra na OPEP+ devido ao fato de ser um "grande produtor de petróleo", mas não motivado pelo maior controle sobre suas receitas.Se esse fosse o caso, o Brasil poderia se tornar um membro pleno da OPEP, o que foi rechaçado pelo presidente Lula desde o início.E o futuro sustentável?À reportagem, a bióloga Raísa Vieira, assessora técnica na Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), avalia que a entrada do Brasil na OPEP+ gera debate uma vez que "sinaliza um compromisso prolongado com combustíveis fósseis em um momento em que o mundo caminha para a descarbonização".Lula, no entanto, crê que conseguirá conduzir o país por essa linha tênue. Em falas anteriores, o presidente da República afirmou que vê na adesão à OPEP+ uma forma de abrir o diálogo com os países do grupo sobre a redução gradual dos combustíveis fósseis e a maior inserção de energias renováveis.Contudo, Vieira descreve a tarefa como um "desafio hercúleo". "A OPEP+ é um grupo voltado à regulação da produção de petróleo e à defesa dos interesses dos países exportadores de combustíveis fósseis."A mesma problemática se apresenta para a exploração da Margem Equatorial, dizem ambos os especialistas. "O Brasil possui um duplo papel", descreve Rutledge. "Está posicionado como um importante ator da transição energética global e também como um forte posicionamento quanto ao futuro da produção de petróleo e gás no mundo."Para Vieira, da mesma forma que Lula busca influenciar os países da OPEP+ a se porem na fronteira da transição energética, isso também deve ser feito com a exploração de novos poços de petróleo no norte do país."Deve ocorrer dentro de um plano de transição energética claro e sob controle nacional, garantindo que os recursos arrecadados financiem a mudança para um modelo econômico sustentável", diz a especialista.A preocupação ambiental brasileira se torna ainda mais tenaz neste ano em que o país sediará a COP30 em Belém (PA) em novembro. "É uma grande oportunidade para o Brasil consolidar sua posição como liderança global na agenda ambiental."
https://noticiabrasil.net.br/20240104/novo-pre-sal-margem-equatorial-pode-deter-as-maiores-reservas-de-petroleo-ja-encontradas-no-brasil-32369050.html
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luiz inácio lula da silva, margem equatorial, amazonas, organização dos países exportadores de petróleo (opep), opep, ibama, brasil, petróleo e gás, petróleo, campos de petróleo, sustentabilidade, energia renovável, meio ambiente, exclusiva
'Desafio hercúleo': Brasil caminha por linha tênue entre avanço petroleiro e preservação ambiental
21:09 12.02.2025 (atualizado: 14:19 13.02.2025) Especiais
O Brasil está pondo em marcha dois caminhos aparentemente contraditórios. Ao mesmo tempo em que sediará a COP30, em novembro, o governo federal busca avançar com a exploração dos campos de petróleo na Margem Equatorial e a adesão do país à OPEP+, organização focada na exportação do combustível fóssil.
Nesta quarta-feira (12), o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva voltou a comentar a
exploração dos poços de petróleo na Margem Equatorial, afirmando que fará uma reunião entre a Casa Civil e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) nesta ou na próxima semana.
O empreendimento ainda está nas fases iniciais
devido a um "lenga-lenga", como descrito por Lula, do Ibama, que
tarda em autorizar a perfuração de poços para estudos pela Petrobras. Estes são necessários para avaliar a viabilidade econômica das áreas a serem exploradas.
Estima-se que só no poço da foz do Amazonas, um dos 16 planejados pela estatal, seja possível extrair 10 bilhões de barris. Segundo o Ministério de Minas e Energia, entre impostos e royalties, até 2055 a receita gerada pela exploração da região, que se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte, será de R$ 3 trilhões.
Também na semana que vem o governo federal pretende se reunir para discutir a adesão do Brasil à Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+).
Composta por
12 nações, a sigla atua para
influenciar o preço do barril do petróleo, ditando limites de produção para seus membros. Junto dos demais
dez associados, os membros da organização são
responsáveis por cerca de 40% do mercado internacional de petróleo e 80% das reservas comprovadas.
Ao aderir à OPEP+, o Brasil se mostra disposto a colaborar com as políticas do grupo. Em troca, ganha o direito de participar das reuniões em caráter consultivo, isto é, sem direito a voto.
Em entrevista à
Sputnik Brasil, o pesquisador de petróleo e gás da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e analista de geopolítica do Centro de Estudos das Relações Internacionais (Ceres)
Luis Medeiros Rutledge afirma que, apesar de estar entrando na OPEP+,
o petróleo é o que menos motiva o país a aderir à organização.
"Não possuímos uma economia dependente do petróleo e sustentada pelo preço do petróleo, como a maioria dos membros da OPEP+", argumenta. Ou seja, o Brasil entra na OPEP+ devido ao fato de ser um "grande produtor de petróleo", mas não motivado pelo maior controle sobre suas receitas.
Se esse fosse o caso, o Brasil poderia se tornar um membro pleno da OPEP, o que foi rechaçado pelo presidente Lula desde o início.
"A entrada do Brasil cria possibilidades além do petróleo. A inclusão facilitará novos acordos econômicos e parcerias geoestratégicas com os países do grupo."
À reportagem, a bióloga Raísa Vieira, assessora técnica na Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), avalia que a entrada do Brasil na OPEP+ gera debate uma vez que "sinaliza um compromisso prolongado com combustíveis fósseis em um momento em que o mundo caminha para a descarbonização".
Lula, no entanto, crê que conseguirá conduzir o país por essa linha tênue.
Em falas anteriores, o presidente da República afirmou que vê na adesão à OPEP+ uma forma de abrir o diálogo com os países do grupo sobre a redução gradual dos combustíveis fósseis e a maior inserção de energias renováveis.
![Sessão de abertura da Presidência na 28ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023 (COP28). Dubai, 1º de dezembro de 2023 Sessão de abertura da Presidência na 28ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023 (COP28). Dubai, 1º de dezembro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 06.12.2023](https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e7/0c/02/31810281_0:626:3071:1854_1920x0_80_0_0_0067e2660f67691f95d4b57461017034.jpg)
6 de dezembro 2023, 13:53
Contudo, Vieira descreve a tarefa como um "desafio hercúleo". "A OPEP+ é um grupo voltado à regulação da produção de petróleo e à defesa dos interesses dos países exportadores de combustíveis fósseis."
"Fazer com que esse espaço seja também um fórum para combustíveis renováveis exigirá um grande esforço diplomático e político."
A mesma problemática se apresenta para a exploração da Margem Equatorial, dizem ambos os especialistas. "O Brasil possui um duplo papel", descreve Rutledge. "Está posicionado como um importante ator da transição energética global e também como um forte posicionamento quanto ao futuro da produção de petróleo e gás no mundo."
Para Vieira, da mesma forma que Lula busca influenciar os países da OPEP+ a se porem na fronteira da transição energética, isso também deve ser feito com a exploração de novos poços de petróleo no norte do país.
"Deve ocorrer dentro de um plano de transição energética claro e sob controle nacional, garantindo que
os recursos arrecadados financiem a mudança para um modelo econômico sustentável", diz a especialista.
A preocupação ambiental brasileira se torna ainda mais tenaz neste ano em que o país sediará a COP30 em Belém (PA) em novembro. "É uma grande oportunidade para o Brasil consolidar sua posição como liderança global na agenda ambiental."
"Se o Brasil articular essas iniciativas dentro de um plano de transição robusto, com garantias de que os recursos gerados pela exploração fóssil serão usados para financiar o futuro sustentável do país poderá reforçar sua liderança climática", declara Vieira.
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