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EUA e seus aliados só ganharam com fragmentação da Líbia após a Primavera Árabe, aponta analista
EUA e seus aliados só ganharam com fragmentação da Líbia após a Primavera Árabe, aponta analista
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Neste episódio do Mundioka, podcast da Sputnik Brasil, um especialista explica como a Líbia, que antes da Primavera Árabe era um dos países mais desenvolvidos... 19.06.2025, Sputnik Brasil
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Desde o assassinato de Muammar Kadhafi em 2011, a Líbia mergulhou em um ciclo de violência e instabilidade política alimentado por milícias armadas, governos paralelos e interferências externas.Esse cenário foi desencadeado após o país ser um dos palcos da chamada Primavera Árabe, onda de protestos apoiados pelo Ocidente que eclodiu em 2010 que além da Líbia desestabilizou países como Egito, Tunísia, Iêmen e Síria.Imposta no país, a operação militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que prometia proteger civis na Primavera Árabe, resultou em um vácuo de poder que transformou a Líbia em um território fragmentado, onde a promessa de democracia se perdeu na realidade da violência contínua.Desde maio de 2025, quando ocorreu o assassinato do líder líbio Abdel Ghani al-Kikli, conhecido como Ghaniwa, os conflitos entre frações em Trípoli reacenderam, resultando em mortos e feridos civis.Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, Eden Pereira, professor de história e pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre África, Ásia e Relações Sul-Sul da Universidade Federal do Rio de Janeiro (NIEAAS/UFRJ), afirma que a Líbia atualmente é gerida pelo chamado Governo do Acordo Nacional, liderado pelo primeiro-ministro Abdul Hamid al-Dabaib.Entretanto, ele aponta que falta "legitimidade política" para Dabaib. Segundo o especialista, os processos eleitorais do país são contestáveis e falta participação política e popular. "Além do mais, o país está dividido entre várias facções.""E esse governo do Dabaib não conseguiu responder às demandas da população de resolver uma série de problemas político-sociais do país, a começar pela unidade política da Líbia, que é algo que ainda não foi um problema resolvido desde o assassinato de Kadhafi. E isso acaba levando a um processo de desgaste político."Pereira aponta que desde a queda de Kadhafi, a Líbia atravessou duas guerras civis: a primeira eclodiu na esteira da morte do líder e durou até 2012. A segunda durou entre 2015 e 2020. Após esta, no intuito de encerrar os confrontos, houve um acordo entre forças políticas líbias para que ocorresse um governo de unidade, de coalizão, entre a Câmara dos Representantes e o Governo do Acordo Nacional.Ele acrescenta ainda que o Governo do Acordo Nacional deveria ser provisório, com duração até as eleições definitivas para a formação de um governo legítimo, o que também não aconteceu dada fragmentação política do país.Somado a isso, afirma Pereira, há o interesse de outras potências para que a fragmentação na Líbia persista. Países como Itália, França e principalmente Turquia e os Estados Unidos não têm interesse na unidade política do país por conta dos recursos naturais do país e também porque existem facções políticas líbias influentes, capazes de desempenhar um papel importante em organizações multilaterais do Oriente Médio e da África.Nesse contexto, a Líbia, que antes da Primavera Árabe detinha o maior índice de desenvolvimento humano na África, acesso à energia elétrica a baixo custo e o maior índice de alfabetização e escolaridade do continente africano, vive hoje uma situação "extremamente caótica, destrutiva, de pobreza, exploração profunda e que acaba impactando vários outros países em seu entorno"."Nós vemos o impacto disso na Itália por meio da chegada dos imigrantes, seja países como o Egito ou até os países que estão ali no entorno do Sahel, que fazem fronteira com a própria Líbia, que é o caso do Chade, enfim, o próprio Mali, que sofreram muito com esse processo de desintegração da Líbia", afirma.Pereira considera que hoje é muito difícil afirmar que a Líbia tem condições de exercer sua soberania perante às ingerências de países estrangeiros. "Até porque existem grupos terroristas que atravessam o país", diz Pereira.
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EUA e seus aliados só ganharam com fragmentação da Líbia após a Primavera Árabe, aponta analista
20:00 19.06.2025 (atualizado: 20:17 19.06.2025) Especiais
Neste episódio do Mundioka, podcast da Sputnik Brasil, um especialista explica como a Líbia, que antes da Primavera Árabe era um dos países mais desenvolvidos continente africano, hoje vive uma situação "extremamente caótica" e sem condições de exercer sua soberania frente a ingerências externas.
Desde o assassinato de Muammar Kadhafi em 2011,
a Líbia mergulhou em um ciclo de violência e instabilidade política alimentado por milícias armadas, governos paralelos e
interferências externas.Esse cenário foi desencadeado após o país ser um dos palcos da chamada Primavera Árabe, onda de protestos apoiados pelo Ocidente que eclodiu em 2010 que além da Líbia desestabilizou países como Egito, Tunísia, Iêmen e Síria.
Imposta no país, a operação militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que prometia proteger civis na Primavera Árabe, resultou em um vácuo de poder que transformou a Líbia em um território fragmentado, onde a promessa de democracia se perdeu na realidade da violência contínua.
Desde maio de 2025, quando ocorreu o assassinato do líder líbio Abdel Ghani al-Kikli, conhecido como Ghaniwa, os
conflitos entre frações em Trípoli reacenderam,
resultando em mortos e feridos civis.
Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, Eden Pereira, professor de história e pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre África, Ásia e Relações Sul-Sul da Universidade Federal do Rio de Janeiro (NIEAAS/UFRJ), afirma que a Líbia atualmente é gerida pelo chamado Governo do Acordo Nacional, liderado pelo primeiro-ministro Abdul Hamid al-Dabaib.
Entretanto, ele aponta que falta "legitimidade política" para Dabaib. Segundo o especialista, os processos eleitorais do país são contestáveis e falta participação política e popular. "Além do mais, o país está dividido entre várias facções."
"E esse governo do Dabaib não conseguiu responder às demandas da população de resolver uma série de problemas político-sociais do país, a começar pela unidade política da Líbia, que é algo que ainda não foi um problema resolvido desde o assassinato de Kadhafi. E isso acaba levando a um processo de desgaste político."
Pereira aponta que desde a queda de Kadhafi, a Líbia atravessou duas guerras civis: a primeira eclodiu na esteira da morte do líder e durou até 2012. A segunda durou entre 2015 e 2020. Após esta, no intuito de encerrar os confrontos, houve um acordo entre forças políticas líbias para que ocorresse um governo de unidade, de coalizão, entre a Câmara dos Representantes e o Governo do Acordo Nacional.
"Só que na prática isso nunca se efetivou muito bem, porque os grupos armados continuaram presentes no país e os processos políticos eleitorais continuaram marcados pela violência. Também existe uma disputa das instituições líbias, sobretudo a liderança da Corporação Nacional de Petróleo Líbia, que hoje tem uma figura que é indicada do próprio Dabaib e que não foi muito bem aceita pelas outras frações políticas", afirma.

14 de dezembro 2024, 22:37
Ele acrescenta ainda que
o Governo do Acordo Nacional deveria ser provisório, com duração até as eleições definitivas para a formação de um governo legítimo, o que também não aconteceu
dada fragmentação política do país.Somado a isso, afirma Pereira, há o interesse de outras potências para que a fragmentação na Líbia persista. Países como Itália, França e principalmente Turquia e os Estados Unidos não têm interesse na unidade política do país por conta dos recursos naturais do país e também porque existem facções políticas líbias influentes, capazes de desempenhar um papel importante em organizações multilaterais do Oriente Médio e da África.
"A unidade política da Líbia não é de interesse dessas potências para manter aquela área dominada do ponto de vista político e militar."
Nesse contexto, a Líbia, que antes da Primavera Árabe detinha
o maior índice de desenvolvimento humano na África, acesso à energia elétrica a baixo custo e
o maior índice de alfabetização e escolaridade do continente africano, vive hoje uma situação "extremamente caótica, destrutiva, de pobreza, exploração profunda e que acaba impactando vários outros países em seu entorno".
"Nós vemos o impacto disso na Itália por meio da chegada dos imigrantes, seja países como o Egito ou até os países que estão ali no entorno do Sahel, que fazem fronteira com a própria Líbia, que é o caso do Chade, enfim, o próprio Mali, que sofreram muito com esse processo de desintegração da Líbia", afirma.
Pereira considera que hoje é muito difícil afirmar que a Líbia tem condições de exercer sua soberania perante às ingerências de países estrangeiros. "Até porque existem grupos terroristas que atravessam o país", diz Pereira.
"A Líbia é um país que está situado no Saara. Imagina você fazer todo o policiamento ostensivo, fazer a proteção das fronteiras no meio de um deserto. […] Na época do Kadhafi, já não se tinha tanto controle. Imagine no momento presente. É muito mais complicado."
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