COP30: críticas internacionais pressionam Brasil por soluções logísticas urgentes, diz mídia
© Foto / Divulgação / Casa Civil
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Com menos de 100 dias para a COP30, o Brasil enfrenta críticas internacionais por hospedagem cara e escassa em Belém, cidade escolhida por sua proximidade com a Amazônia. Países pressionam por soluções, enquanto o governo reafirma: "A COP30 não será transferida de Belém", apesar dos desafios logísticos.
Com menos de 100 dias para a COP30, o Brasil enfrenta críticas internacionais sobre a escassez de hospedagem e os altos custos em Belém. A reunião para tratar do tema foi adiada sem nova data, e países pressionam por soluções diante da infraestrutura limitada.
Em carta enviada às delegações da ONU, os organizadores rejeitaram a ideia de mudar o local da cúpula e afirmaram que "não haverá local alternativo, pois a COP30 não será transferida de Belém". A carta responde a 48 perguntas, quase metade sobre hospedagem, e afirma que há leitos suficientes para acomodar os participantes.
Segundo a Bloomberg, o governo mapeou 53 mil leitos, incluindo hotéis, navios de cruzeiro, aluguéis por imobiliárias e Airbnb. Ainda assim, os preços dispararam, com casos extremos como um apartamento simples anunciado por R$ 1,4 milhão para os 11 dias da COP. Comparativamente, um quarto no Copacabana Palace custa R$ 96 mil.
Para evitar exclusão de países mais pobres, o Brasil garantiu pacotes com tarifas reduzidas para pequenas nações insulares e países de baixa renda. Cada delegação terá direito a quartos com preços entre US$ 100 (R$ 539,30) e US$ 600 (R$ 3.235,80). Ainda assim, há receio de que os custos limitem a participação de vozes diversas.
"O Brasil é uma democracia com economia de mercado, o que impõe limites à intervenção na rede hoteleira", afirmaram os organizadores. Mas críticos alertam que os desafios logísticos podem comprometer a legitimidade da COP. "Esta COP corre o risco de ser a mais excludente da história da convenção climática da ONU", disse à mídia o jornalista e coordenador de Comunicação do Observatório do Clima, Cláudio Ângelo.
Dois navios de cruzeiro serão usados como hotéis flutuantes, atracados a 20 quilômetros do local da COP. Apesar da promessa de deslocamento rápido, há preocupações com o isolamento dos participantes. O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, reconheceu e declarou à imprensa ter começado a "falar sobre hospedagem justamente porque se tornou uma questão política".
A escolha de Belém foi pessoal do presidente Lula, que defende a decisão como forma de mostrar a realidade amazônica. "Decidimos realizar a COP em Belém para que as pessoas possam ver o que a Amazônia realmente é", afirmou em discurso. A programação será dividida para aliviar a pressão sobre a infraestrutura.
Ainda segundo a apuração, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Pará denuncia uma campanha "descarada" contra Belém e oferece quartos com preços entre US$ 100 e US$ 300 (R$ 1.617,90) e destaca que o presidente da entidade, Tony Santiago, criticou o que ele chamou de "preconceito contra a Amazônia".
