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Especialista: sanções dos EUA à energia russa revelam disputa geoeconômica e pressão europeia

© Sputnik / Vladimir Sergeyev / Acessar o banco de imagensBandeiras da Rússia e da União Europeia
Bandeiras da Rússia e da União Europeia - Sputnik Brasil, 1920, 23.10.2025
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As sanções dos Estados Unidos contra gigantes russas do petróleo revelam uma estratégia energética que vai além do conflito na Ucrânia. Ao mirar Rosneft e Lukoil, Washington busca afastar Índia e China do petróleo russo barato, favorecendo suas exportações de gás natural liquefeito (GNL), disse o doutor Hriday Sarma em entrevista à Sputnik.
As recentes sanções impostas pelos Estados Unidos à Rosneft e à Lukoil, duas das maiores empresas russas de petróleo, revelam uma agenda geoeconômica que ultrapassa o conflito na Ucrânia. Segundo o especialista em relações internacionais e geoeconomia energética Hriday Sarma, a medida visa redirecionar os principais consumidores asiáticos — Índia e China — para fontes de energia ocidentais mais caras, como o GNL norte-americano.

"Ao congelar os ativos americanos das empresas e ameaçar aplicar sanções secundárias aos bancos estrangeiros que realizam transações com elas, Washington efetivamente utilizou seu domínio financeiro como arma para distorcer os mercados globais de energia", explicou o doutor Sarma.

Enquanto isso, os exportadores norte-americanos de GNL se beneficiam da pressão sobre a Ásia, que é instada a diversificar suas fontes energéticas sob o argumento de responsabilidade moral.
A estratégia norte-americana tem como meta sua própria expansão energética. Enquanto condena o petróleo russo, os EUA continuam ampliando sua presença de GNL na Europa e na Ásia. O discurso de "acabar com a guerra" encobre um objetivo comercial: ocupar os mercados antes abastecidos por energia russa acessível.
Na Índia, as sanções geram cautela, mas não ruptura. Refinarias como a Reliance revisam contratos para evitar vínculos diretos com empresas sancionadas, sem interromper o comércio. A maioria das transações ocorre via intermediários em Dubai ou Cingapura, o que dificulta o impacto direto das restrições.

"Em vez disso, as restrições podem levar Moscou, Nova Deli e Pequim a sistemas de pagamento mais resilientes — acordos em yuan ou rúpia — e novas rotas logísticas isoladas da influência ocidental", destacou o especialista, sinalizando que o petróleo russo com desconto, antes visto como "necessidade de guerra", pode se tornar um ativo estratégico na integração eurasiana.

Excluir o petróleo russo do mercado global é irrealista, destaca especialista saudita - Sputnik Brasil, 1920, 16.10.2025
Excluir o petróleo russo do mercado global é irrealista, destaca especialista saudita
Na Europa, o 19º pacote de sanções da União Europeia (UE) prevê o fim dos contratos de GNL russo até 2027. No entanto, países como Alemanha e Hungria ainda dependem de combustíveis refinados oriundos do petróleo russo, muitas vezes importados via Índia e Turquia. A interrupção desses canais pode elevar os custos energéticos no continente.

"Como o ministro das Relações Exteriores da Índia [Subrahmanyam Jaishankar] observou repetidamente, muitos países europeus importam combustíveis refinados produzidos a partir do mesmo petróleo bruto russo que alegam boicotar. Se as sanções norte-americanas interromperem esses canais indiretos, a Europa enfrentará outro pico nos custos de energia", observou.

O preço do petróleo Brent já subiu quase 5% após o anúncio das sanções, chegando a US$ 65,65 (R$ 353,45) o barril. A tentativa de Washington de isolar Moscou pode, paradoxalmente, penalizar seus próprios aliados. Enquanto os EUA lucram com o GNL premium, a Europa paga mais por seu alinhamento político — um custo que recai sobre famílias e indústrias.
Para o doutor Hriday Sarma, a disputa energética atual é menos sobre conflito e mais sobre redesenhar fluxos comerciais e consolidar influência. As sanções à energia russa revelam uma nova fase da geoeconomia global, onde moralidade, segurança e mercado se entrelaçam em estratégias de longo alcance.

As sanções europeias à Rússia — que após o início da operação militar especial russa na Ucrânia chegam a sua 19ª rodada —, embora justificadas sob o argumento de pressão política contra Moscou, expõem a dependência do bloco dos combustíveis fósseis russos, muitas vezes importados indiretamente via Índia e Turquia.

Em vez de enfraquecer Moscou, as medidas podem reforçar alianças eurasianas e acelerar a criação de rotas comerciais fora da influência ocidental — um efeito colateral que mina a coesão interna do bloco europeu e sua capacidade de ação geopolítica coordenada.

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