"Todas as nossas armas, incluindo bombas atômicas, bombas de hidrogênio e mísseis balísticos, são apenas destinadas aos Estados Unidos, não aos nossos irmãos, nem à China e à Rússia", disse o presidente do Comitê do Norte para a Reunificação Pacífica da Pátria, Ri Son-gwon, durante a declaração conjunta divulgada com os sul-coreanos.
Ele prosseguiu afirmando que as armas nucleares não seriam discutidas em conversas com Seul, uma vez que são apenas destinadas aos Estados Unidos.
"Esta não é uma questão entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, e abordar esta questão causaria consequências e riscos negativos, transformando toda a boa conquista de hoje em nada", comentou Ri.
As observações de Ri vieram depois que as autoridades norte-coreanas e sul-coreanas realizaram 11 horas de conversações, resultando na decisão de que os dois lados manterão negociações para resolver problemas e evitar conflitos acidentais na península.
O encontro marcou o primeiro diálogo oficial em mais de dois anos, em meio a maiores tensões sobre o programa nuclear de Pyongyang. O Norte, no entanto, fez uma "forte queixa" em relação à proposta de Seul de desnuclearizar a península durante o comunicado conjunto desta terça-feira.
A afirmação da Coreia do Norte de que suas armas são realmente destinadas aos EUA não é novidade. No seu discurso do Ano Novo, o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, disse que "todo o território dos Estados Unidos está dentro do alcance de nossas armas nucleares e um botão nuclear está sempre na minha mesa".
Essa observação levou o presidente dos EUA, Donald Trump, a responder dizendo que ele também tem um botão nuclear — um que é "muito maior", "mais poderoso", e "na verdade funciona". Este tweet, como muitas das intervenções online da Trump, foi criticado por pessoas em todo o mundo.
Pyongyang orgulhosamente se gabou de suas capacidades de mísseis nucleares e balísticos, alegando após o lançamento em novembro de um míssil balístico intercontinental (ICBM), o Hwasong-15, que era capaz de atingir todo o continente americano. Após o lançamento, a enviada dos EUA à ONU, Nikki Haley, advertiu que a Coreia do Norte seria "completamente destruída" se uma guerra acontecesse entre Washington e Pyongyang.
Após a declaração de Haley, o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que tais observações — juntamente com exercícios militares regulares na região — apenas servem para provocar Pyongyang. Tanto Moscou como Pequim apoiaram o chamado programa de "duplo congelamento", que veria a suspensão dos exercícios dos EUA com Seul em troca de Pyongyang suspender seus testes de mísseis e provas nucleares. Esse plano foi rapidamente rejeitado no verão por Washington, que afirma ter o direito de realizar exercícios com sua aliada Coreia do Sul.