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Opinião: 'segurança do carnaval é preocupação das polícias, não dos militares'

Ao anunciar as ações da Prefeitura do Rio de Janeiro para o Carnaval, o prefeito Marcelo Crivella manifestou o desejo de ter a presença das forças armadas na cidade durante este período. O ex-instrutor e subcomandante do BOPE, Paulo Storani, disse à Sputnik que a declaração foi uma precipitação do prefeito.
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Segundo o prefeito, o Rio precisará de segurança absoluta porque é esperado um público recorde para os festejos: 6 milhões de foliões.

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Para o antropólogo Paulo Storani, ex-instrutor e subcomandante do BOPE, a sugestão do prefeito Marcelo Crivella causa estranheza por ter sido apresentada "sem nenhum comunicado ou qualquer articulação com a Secretaria Estadual de Segurança Pública". 

"Isso chama a atenção porque a responsabilidade pela Segurança Pública é do estado. E como esta tarefa impacta diretamente as Polícias Civil e Militar, creio que os dois órgãos deveriam ter sido consultados pela Prefeitura até porque ela é a grande responsável como promotora do Carnaval”, disse ele. 

Na opinião de Paulo Storani, a atuação dos órgãos estaduais é imprescindível à segurança da folia, dos foliões e da população em geral. O ex-instrutor do BOPE acredita que foi "uma precipitação por parte do prefeito, talvez até mesmo no sentido de produzir notícia". 

"Nada poderá funcionar [apenas] com Guarda Municipal e com segurança privada, como quer o prefeito, se não houver a atuação das polícias. Só os governadores podem pedir apoio militar ao governo federal, prefeitos não têm competência para isso. Este episódio está demonstrando uma dissonância entre a prefeitura do Rio e o governo do Estado do Rio”, argumenta. 

De acordo com o especialista, não deve haver dúvidas quanto à atuação das forças estaduais durante o carnaval. 

"Segurança no carnaval do Rio de Janeiro sempre foi feita com as duas polícias, civil e militar. Se hoje estas instituições não prestam serviços adequados à população, não é por culpa delas e sim por fatores de ordem estrutural que estão acima destas corporações”, conclui. 

Governador rejeita pedido

Na última sexta-feira (12), após se reunir no Palácio Guanabara com os ministros da Defesa, Raul Jungmann, e da Justiça, Torquato Jardim, o governador do Estado do Rio, Luiz Fernando Pezão, disse que em hipótese alguma iria pedir a presença de militares para a segurança da população no Carnaval.

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Além de frisar que esta segurança sempre esteve a cargo das forças estaduais, o governador acrescentou que, antes de se reunir com os ministros, conversou com o prefeito Marcelo Crivella e ele sequer tocou na questão da sugerida utilização dos militares no Carnaval.

Por sua vez, Raul Jungmann, declarou não haver hipótese para esta utilização. De acordo com o ministro, se um possível pedido do Rio de Janeiro fosse atendido, o Ministério da Defesa também teria de deslocar militares para outras cidades que, em suas palavras, “também têm grandes carnavais” como Salvador, Recife, Olinda, Natal, etc. 

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