A notícia cita as pesquisas de uma tal Aleksandra Nemtsova, "analista do centro científico estatal Serbsky", e frisa que os cidadãos da Rússia morrem especificamente por causa das longas férias natalinas, ou seja, se embriagam e congelam até à morte, embora o próprio correspondente Oliver Carroll fale de um inverno excepcionalmente quente neste ano.
Carroll apresenta as férias de 10 dias na Rússia como algo muito peculiar e exótico ligado ao calendário ortodoxo e, por algum motivo, não leva em conta que no Ocidente as férias natalinas não são mais curtas.
Como descobriu a Sputnik, a "analista Aleksandra Nemtsova" é na realidade o principal especialista na Rússia na área da mortalidade alcoólica e doutor em Medicina, Aleksandr Nemtsov.
Em um comentário para a Sputnik, o especialista destacou a redução contínua do consumo de álcool no país desde 2004, o número de mortes em janeiro se reduziu de 21 mil para 12 mil em 2018, e sublinhou que os dados usados pela mídia britânica são exagerados. Vale ressaltar que um "exagero" de 8 mil pessoas parece bem grande.
Ademais, é interessante observar que as férias de 10 dias foram introduzidas na Rússia em 2003, enquanto a pesquisa de Nemtsov abrange o período entre 2004 e 2016 e sublinha a "redução em número de mortes, tanto no total, como das causadas pelo álcool".
"Sabe-se que no inverno, devido ao frio russo, a mortalidade sempre tem sido maior. Mas o jornal britânico nem se quis lembrar disso — pois nesse casso não haveria escândalo", escreve Kornilov.
A coisa mais inédita é que a edição até "conseguiu" ligar as férias natalinas com as próximas presidenciais na Rússia. O jornal esclarece que o Kremlin está preocupado com a "possível baixa taxa de comparecimento".
"É por isso que bem se pode afirmar que o Kremlin continuará oferecendo aos russos meios de tonificação na forma de férias longas e descanso do trabalho."