Há pouco, relembra Saranov, dados do Pentágono voltaram a vazar. Desta vez, não foi com ajuda do WikiLeaks e dos "omnipotentes" hackers russos. Segundo comunicou recentemente a edição The Washington Post, uma informação sobre instalações secretas dos EUA apareceu no mapa interativo Global Heat Maps que reflete a atividade esportiva dos usuários de rastreadores de fitness.
"O interesse público foi suscitado pela atividade de fitness em zonas de combate no Oriente Médio, na África e no Afeganistão. Os percursos das corridas coincidiram com coordenadas de bases norte-americanas", explica o autor, frisando que este já não é o primeiro caso da série.
O primeiro grande escândalo aconteceu em 2008, quando o Google Maps publicou um panorama detalhado da base militar Fort Sam Houston no Texas. Na época, o Pentágono afirmou que estes dados representam uma potencial ameaça à segurança e proibiu que a Google efetuasse a filmagem de panoramas em quarteis.
"Um dos achados mais interessantes na rede é a base aérea secreta estadunidense de Yucca Lake no estado de Nevada. A instalação foi desclassificada em 2011, também graças ao portal Google Maps. Segundo os especialistas, a base foi construída para realizar testes do novo veículo não tripulado RQ-170 Sentinel. O vazamento mais recente se deu em janeiro de 2018. Os blogueiros detectaram um veículo aéreo futurístico, provavelmente o protótipo do promissor avião supersônico SR-72, em um dos territórios controlados pela empresa Lockheed Martin", escreve Saranov.
Em 2007, a aviação estadunidense perdeu em um dia 4 helicópteros AH-64 Apache no Iraque, quando os veículos se incendiaram em terra na sequência de um ataque de morteiros. A culpa foi atribuída aos combatentes estadunidenses que tinham publicado uma selfie junto a estas aeronaves no Facebook, um dia antes do ataque.
Na época, o Pentágono comunicou que os terroristas tinham encontrado a localização com coordenadas GPS nos metadados da foto e efetuado um ataque de precisão. Após isso, o Pentágono iniciou toda uma campanha para estabelecer a ordem entre os militares usuários das redes.
"Às vezes, os soldados americanos publicam em suas páginas conteúdo que prejudica a imagem moral dos defensores da democracia e mina o renome do Pentágono. Em fevereiro de 2017, fuzileiros navais estadunidenses publicaram fotos picantes de mulheres militares na página Marines United no Facebook. Isto indignou as feministas, que viram nesta postagem sinais de sexismo gritante", escreve o colunista da Sputnik.
Às vezes, sublinha Saranov, a perseguição aos militares devido a suas postagens tem um caráter abertamente ideológico. Em setembro de 2017, por exemplo, o alvo da obstrução foi um recém-formado da famosa Academia West Point, tenente Spenser Rapone. O oficial, segundo comunicava a maior parte da mídia militar, "tinha publicado nas redes imagens com propaganda gritante do comunismo".
Naquelas fotos, Rapone segurava um boné com a frase "communism will win" ("comunismo vencerá", em inglês) e posava vestindo uma camisa com a imagem de Che Guevara.
Ademais, os internautas repararam que Rapone tinha regularmente insultado o presidente Donald Trump, o secretário da Defesa James Mattis e o senador John McCain nas redes sociais. Em resultado de uma investigação, Rapone foi acusado de ter violado as regras de uso do uniforme, enquanto os militares negaram o fundamento político do caso.