"A datação correta dos restos mortais dessa vala é muito importante para nós. Não sabemos praticamente nada sobre as primeiras invasões dos vikings contra a Inglaterra, que foram a base para a criação dos primeiros povoados escandinavos na ilha", disse Cat Jarman da Universidade de Bristol (Reino Unido).
Segundo a Crônica Anglo-Saxã, pequenos grupos de vikings começaram invadindo a costa oriental da Inglaterra no século VIII. Os escandinavos entenderam rapidamente que os mosteiros e igrejas eram presas fáceis cheias de riqueza e o número das invasões aumentou significativamente nas décadas seguintes.
Eles conseguiram conquistar Mercia, um dos dois reinos mais fortes dos anglo-saxões. Despois da vitória, os guerreiros escandinavos decidiram invernar na cidade de Repton, no atual condado de Derbyshire.
No final dos anos 70, os arqueólogos descobriram um grande sepulcro perto de uma igreja de Repton onde estavam sepultadas mais de 200 pessoas. Tendo em consideração a forma de enterro, os cientistas decidiram que essa vala comum era um vestígio do Grande Exército.
Jarman e seus colegas realizaram mais uma análise dos restos mortais, tomando em conta um detalhe que os seus antecessores não sabiam: a ligação entre a dieta e a composição isotópica dos ossos e outros tecidos orgânicos.
"Se comemos apenas peixe ou outros mariscos, uma grande quantidade de carbono entra no nosso organismo cuja idade é 'maior' que a do carbono que entra no nosso organismo pela comida terrestre. Isso influencia os resultados da análise", explicou Jarman.
No futuro próximo, Jarman e seus colegas planejam reverificar a idade das outras valas comuns da alta Idade Média encontradas no leste da Inglaterra para eventualmente descobrir novos vestígios do Grande Exército.