A administração do presidente estadunidense Donald Trump anunciou sua nova doutrina nuclear na sexta-feira passada, afirmando que isso levaria uma posição mais rígida sobre a Rússia. A NPR destacou que o presidente Trump, assim como seu antecessor, Barack Obama, consideraria usar armas nucleares em "circunstâncias extremas".
Freeman, que serviu como assistente da Secretaria de Estado para Assuntos de Segurança Internacional sob o presidente Bill Clinton, disse que a revisão pareceu preparar o país para liberar as Forças Armadas dos EUA das restrições de armas que mantiveram há mais de 30 anos.
"Essas mudanças de política parecem preparativas para se retirar do Tratado das Forças Nucleares Intermediárias (INF) de 1987. Isso eliminou uma classe inteira de forças nucleares terrestres voltadas para a Europa Ocidental e a URSS europeia", afirmou.
Freeman afirmou também que uma retirada dos EUA do INF provavelmente seria baseada em alegações de que a Rússia estava ludibriando o mundo acerca das suas obrigações.
Deixar o tratado de 1987 "permitiria aos Estados Unidos desenvolverem e implementarem mísseis de cruzeiro de curto e médio alcance contra a China e contra a Rússia", explicou Freeman.
A nova postura poderia desencadear uma sequência de consequências graves, reduzindo a segurança global, advertiu Freeman.
"Este é, portanto, o primeiro movimento em um retorno aos níveis de tensão nuclear não vistos desde o auge da Guerra Fria", continuou ele.
Agressão e corrida armamentista
A redação do documento indicou que os políticos atuais dos EUA estarão mais prontos para autorizar o primeiro uso de armas nucleares, mesmo contra inimigos armados não-nucleares, observou Freeman.
"Também é uma duplicação da vontade anunciada dos Estados Unidos de serem a primeira a usar armas nucleares contra um inimigo que não seja nuclear", ponderou.
No entanto, a crescente probabilidade de os Estados Unidos estarem dispostos a usar uma arma nuclear deveria provocar uma onda de armamento nuclear por nações que se sintam potencialmente ameaçadas pelas Forças Armadas dos EUA, tornando o povo americano muito menos seguro, advertiu Freeman.
"Na minha opinião, [o NPR] estimulará um esforço de países que se sentem ameaçados pelos Estados Unidos para desenvolver armas nucleares e os meios para lançá-los contra o solo americano", afirmou.
Longe de dissuadir a proliferação nuclear, a nova revisão dos EUA provavelmente motivaria outras nações a seguir o exemplo da Coreia do Norte, de desafiar a pressão internacional para desenvolver seus próprios dispositivos de dissuasão atômica, informou Freeman.
O NPR, "portanto, anuncia que outros assumiriam o caminho que a Coreia do Norte tomou em direção à segurança através do desenvolvimento de uma dissuasão nuclear crível contra as tentativas dos EUA de mudança de regime", analisou.
Atualmente, Chas Freeman é diretor do Conselho do Atlântico e atuou como Chefe de Missão dos EUA e Responsável de Negócios nas embaixadas dos EUA em Pequim e Bangcoc. Freeman também ocupou vários cargos de alto nível no Departamento de Defesa dos EUA.