Para que a alegria dos foliões não se transforme numa baita ressaca financeira depois da Quarta-Feira de Cinzas, José Vignoli, educador financeiro da SPC Brasil e do portal Meu Bolso Feliz, dá alguns conselhos para que as despesas do período de Momo não atravessem o orçamento financeiro e rebaixem a contabilidade doméstica para o Grupo de Acesso.
Em entrevista à Sputnik Brasil, Vignoli lembra que prudência, inclusive nas bebidas, é a palavra-chave para os gastos nesse período. Segundo ele, gastar por impulso sem medir as consequências deixou 21% dos consumidores com o nome sujo na praça no ano passado justamente por não honrarem os compromissos assumidos no Carnaval. Segundo a pesquisa, 40% dos entrevistados admitem que se empolgam nos gastos durante o período, sobretudo com comidas e bebidas (24%), festas (14%) e viagens (12%).
Embora reconhecendo que a margem de inadimplência se encontre na média histórica, o educador financeiro afirma que o número ainda é elevado. Vignoli também chama a atenção para o fato de que a pesquisa revelou que a maioria dos consumidores que vai pagar com cartão de crédito pretende parcelar em até seis vezes. "Isso já avança para o Dia das Mães e Páscoa, datas importantes de consumo. Você pode criar um problema que vai perdurar por bons meses até que você possa resolver tudo", diz o educador.
Segundo Vignoli, o nível de endividamento está caindo não porque as pessoas estão se planejando melhor, mas pelo fato de que o mercado não está tão ofertante de crédito e as pessoas estão quitando suas dívidas na medida do possível. Ainda assim o nível de endividamento das famílias ainda é elevado, daí a necessidade de se tomar toda atenção com o consumo, em especial em datas como o Carnaval.
Vignoli diz que a crise dá sinais de arrefecimento, mas a melhora ainda não foi sentida no bolso dos consumidores que ainda mostram receio de sair por aí gastando, daí o percentual de que apenas 20% pretendem desembolsar mais na festa desse ano. Vignoli chama a atenção de um ponto da pesquisa relativo à como os consumidores farão seus gastos. Nas viagens, 50% dos entrevistados pretendem pagar à vista em dinheiro, 39% com cartão de débito e 38% com cartão de crédito. É nesse último item que mora o perigo, segundo o consultor, devido ao parcelamento sem juros.
"As pessoas se acostumaram com esse história de parcelamento sem juros o que, na verdade, isso não existe, porque os juros já estão embutidos nas parcelas. O Brasil é um dos poucos países do mundo em que isso acontece", afirma Vignoli.
A pesquisa, que tem margem de erro entre 2,8 e 3,8 pontos percentuais, ouviu 1.211 consumidores nas 27 capitais e trouxe um amplo perfil de como o brasileiros pretendem gastar durante a folia. Consumo de bebidas (57%), refrigerantes e água (ambos com 52%), lanches (51%) e protetor solar (43%) serão os itens de maior consumo. Ainda ressabiados com os dois últimos anos de crise e mantendo o estilo "mão de vaca", os brasileiros elegeram a casa de parentes e amigos como local de hospedagem (46%), o dobro dos que pretendem ficar em hotéis e pousadas (23%), seguidos de apartamentos, sítios ou casas de temporada (14%).
Mais alegres do que os foliões, a pesquisa apontou os donos de supermercados, na medida em que 66% dos consumidores indicaram esses estabelecimentos para fazerem as compras no período, incluindo aqueles que vão se trancar em casa devido à carnavalfobia ou viajar para bem longe dos blocos. Uma parcela mais "iluminada" dos entrevistados, cerca de 4%, admitiu que quer ficar longe das libações do período e das tentações da carne, optando por retiros espirituais.