Sendo líquido, o núcleo da Terra se esfriava muito rápido, perdendo energia, o que enfraquecia o campo magnético produzido pelo planeta. Com o tempo, a parte central do núcleo solidificou, tornando-se em um pequeno núcleo metálico, sendo este processo acompanhado pelo aumento do campo magnético.
O momento desta transformação é muito importante para os geólogos, porque permite avaliar mais ou menos o quão rápido o núcleo está se esfriando atualmente e por quanto tempo existirá o "escudo" magnético do planeta, que nos protege dos raios cósmicos e do vento solar.
Hoje em dia, muitos físicos acreditam que a transformação do núcleo ocorreu nos primeiros momentos da vida da Terra graças ao seguinte fenômeno: é que alguns líquidos, inclusive a água, permanecem em estado líquido sob temperaturas muito mais baixas que a de congelamento caso neles não haja outras substâncias, cristais microscópicos de gelo ou oscilações fortes. Mas, se colocarmos neste líquido um grão de poeira ou o mexermos, vai congelar quase imediatamente.
Van Orman e seus colegas tentaram simular este processo e os resultados foram mais do que surpreendentes. Segundo os últimos, o núcleo da Terra não deveria existir.
"Se o núcleo da jovem Terra era constituído completamente por líquidos limpos e homogêneos, então seu núcleo interno de fato não deveria existir, pois esta matéria não poderia ter se esfriado até às temperaturas que permitem tal formação", afirma James Van Orman da Universidade Case Western Reserve Cleveland, EUA. Nestas condições, o núcleo pode ter uma composição heterogénea, opina o cientista, e não se sabe por que ele se tornou assim.
Segundo os cálculos, os mais prováveis são dois cenários: ou o núcleo do planeta deveria ter se congelado completamente ou este deveria permanecer até hoje líquido. Porém, nenhum deles corresponde à realidade, pois a Terra tem na verdade um núcleo interno sólido e um núcleo externo líquido.
Por enquanto, os cientistas não têm resposta a esta pergunta. Van Orman e seus colegas apelam aos cientistas para que encontrem um mecanismo que explique a divisão do núcleo em duas partes.