Bombas americanas da Guerra Fria são inúteis, mas implicam risco catastrófico para Europa

Relatório divulgado por uma organização não governamental atribui muito pouco ou até nenhum valor estratégico ao antigo arsenal nuclear dos EUA localizado em países europeus, mas avisa que os perigos que gera estão aumentando constantemente.
Sputnik

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Os EUA planejam gastar US$ 10 bilhões (mais de R$ 32 bilhões) com a atualização de 150 bombas nucleares que remontam à época da Guerra Fria e estão instaladas na Europa, embora os relatórios indiquem que essas armas podem representar um perigo sério em vez de serem um meio de dissuasão estratégica.

Em países como a Itália, Bélgica, Alemanha, Turquia e Holanda surgiram preocupações quanto à segurança do armazenamento de tais armas nucleares, revela um relatório publicado pelo grupo Nuclear Threat Initiative (Iniciativa para a Ameaça Nuclear, em inglês).

Especifica-se que estas preocupações reapareceram após "os recentes ataques terroristas e a instabilidade política" na Europa.

Aproximadamente um terço destas bombas pode ser encontrado sob controle conjunto dos comandantes militares dos EUA e OTAN na base aérea de Incirlik, na Turquia. Trata-se de um local que foi bloqueado e desligado da rede elétrica enquanto no respectivo país se produzia um levantamento militar, em 2016; porém, ele foi logo esmagado. O oficial turco, encarregado do comando dessa base, foi mais tarde preso por ter participado do conluio.

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Valor estratégico

As armas nucleares "aumentam o risco de acidentes, erros ou terrorismo catastrófico", razão pela qual algumas medidas são necessárias para sua prevenção, afirmam os autores do relatório do centro NTI.

"Levando em conta esses riscos adicionais, é hora de reconsiderar se essas armas ofensivas são essenciais para a dissuasão militar e a tranquilidade política", afirma-se no documento.

Os autores do relatório duvidam que o arsenal de bombas de queda livre B61, destinadas para a aviação da OTAN, tenham algum valor estratégico, pois o comando militar dos EUA não pode usá-las unilateralmente.

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"Numerosos ex-oficiais de alto nível e comandantes militares dos EUA compartilharam a visão que as armas nucleares estadunidenses na Europa não têm praticamente nenhuma utilidade militar", informa o relatório, adiantando que a "complexidade política do processo de tomada de decisões na OTAN levanta dúvidas que os países-membros possam chegar a um consenso sobre alertas e um ataque nuclear em caso de uma crise".

'Retirar, não modernizar'

A administração de Obama esteve perto de retirar da Europa as "relíquias" da Guerra Fria como parte de sua iniciativa de desarmamento nuclear, mas o plano foi arquivado depois que as relações entre Washington e Moscou pioraram durante seu segundo mandato.

Pelo contrário, a Casa Branca optou por um programa de defesa do Pentágono que pressupõe o gasto de US$ 10 bilhões (mais de R$ 32 bilhões) com o objetivo de modernizar as bombas, tornando-as mais precisas.

Diferentemente de Obama, o presidente Donald Trump recebeu o respectivo plano com os braços abertos. Em um comunicado emitido no mês passado, Trump disse que os EUA, embora "felizmente tenham evitado seu uso", devem modernizar e reconstruir seu arsenal nuclear.

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