Opinião: Rússia lucra com venda de armas apesar de sanções estadunidenses

As novas sanções fizeram cancelar contratos russos no valor de US$ 3 bilhões (quase R$ 10 bilhões), informou o Departamento de Estado dos EUA. Ao falar na Rádio Sputnik, o especialista em assuntos estadunidenses, Areg Galstyan, frisou que Washington está travando um jogo político contra o setor militar industrial russo.
Sputnik

Diplomata europeu critica sanções antirrussas e apresenta proposta para seu levantamento
O Departamento de Estado dos EUA acredita que as sanções antirrussas, impostas em conformidade com as recentes leis, resultaram em perdas de mais de US$ 3 bilhões (quase R$ 10 bilhões) para o setor bélico russo, afirmou Heather Nauert, representante oficial da respectiva entidade, durante uma coletiva.

"A cessação de tais acordos, de fato, é um castigo. Para quê? Pois isso quer dizer que menos dinheiro entra no orçamento russo. Deste modo, podemos considerar isso como um sucesso no que se trata de fazer a Rússia assumir responsabilidades", sublinhou.

Ademais, Nauert adiantou que todas as missões diplomáticas norte-americanas foram encarregadas de se esforçarem para impedir o desenvolvimento de laços econômicos com a Rússia, especialmente no que se trata da área militar.

Em 2 de agosto de 2017, o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou a Lei de Contenção de Adversários da América Através de Sanções (CAATSA, na sigla em inglês), tendo em vista a Rússia, o Irã e a Coreia do Norte.

Efeito bumerangue: ameaça de sanções antirrussas provoca afluxo de capitais...à Rússia
Já no outono, a administração estadunidense apresentou uma lista de indivíduos e organizações do setor bélico russo, sendo que poderiam resultar sanções sérias para quem efetuar com eles transações "consideráveis". A lei entrou em vigor a partir de 29 de janeiro de 2018.

O especialista em história americana, Areg Galstyan, disse ao serviço russo da Rádio Sputnik que, ao ameaçarem com sanções, os EUA esperam o cancelamento de contratos para entrega de armas russas, embora a maioria deles já tenha sido realizada.

"O setor militar não tem a ver apenas com finanças, mas em primeiro lugar com a política. Três bilhões é uma soma pequena, igual a cerca de um contrato com algum país médio. Provavelmente se trataria da Arábia Saudita. Alegadamente, eles [sauditas] teriam se assustado com a perspectiva de serem afetados pelas sanções dos EUA e tenham descartado o contrato sobre S-400. Entretanto, a Turquia comprou, todavia, os sistemas S-400 à Rússia, embora ela [Ancara] também seja alvo das sanções [antirrussas]", observou o entrevistado.

"Recentemente, as Filipinas têm comprado armas à Rússia. No total, no ano passado houve um balanço comercial positivo neste sentido — isto é, cerca de US$ 14 bilhões [mais de R$ 45 bilhões]. Ou seja, a maior parte dos contratos acabou sendo realizada. De qualquer modo, os norte-americanos introduzem medidas restritivas seletivas contra aqueles países que costumam comprar armamentos russos. Quanto à Turquia, ainda não se fala sobre quaisquer restrições. Mas essa política tem um caráter de expectativa", resumiu.

Comentar