China: guerra do aço de Trump terá 'impacto enorme' na economia global

A China afirmou que as novas tarifas para importação de aço e alumínio pretendidas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, terão um "impacto enorme" na economia global e que Pequim irá trabalhar com outras nações para preservar seus interesses.
Sputnik

Funcionário do Ministério do Comércio da China afirmou que o plano de Trump de criar uma tarifa de 25% sobre o aço importado e de 10% sobre o alumínio "prejudicaria seriamente os mecanismos de comércio multilateral representados pela Organização Mundial do Comércio e teriam um impacto enorme na ordenamento do comércio internacional".

"Se as medidas finais dos Estados Unidos prejudicarem os interesses chineses, a China trabalhará com outros países afetados na tomada de medidas para proteger seus próprios direitos e interesses", afirmou Wang Hejun, diretor da Agência de Solução e Investigação Comercial, em comunicado.

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Pequim já ameaçou retaliar Washington por medidas protecionistas, mas agora pondera qualquer ação para não prejudicar a venda de produtos com maior valor agregado, como celulares.

"A China definitivamente responderá", disse o economista da Universidade de Oxford Louis Kuijs. "Eles não querem serem vistos como a parte que está destruindo o sistema de comércio internacional".

Trump ignora as críticas e vê a medida como uma maneira de equilibrar a balança comercial. "Quando um país [EUA] está perdendo bilhões de dólares no comércio com virtualmente todos os países com os quais faz negócios, guerras comerciais são boas, e fáceis de ganhar", escreveu Trump no Twitter. "Por exemplo, quando estamos abaixo de US$ 100 bilhões com um certo país e eles ficam fofos, não negocie mais — nós ganhamos muito. É fácil!."

A China acusa os Estados Unidos de fragilizar o comércio global ao tomar medidas unilateralmente e a Organização Mundial do Comércio. Até então, contudo, o tom tem sido conciliador. 

A conversa, todavia, tem mudado de tom. Em agosto, Trump ordenou uma investigação para apurar se Pequim pressiona empresas a compartilhar sua tecnologia e em janeiro os impostos que incidem nos módulos solares chineses e máquinas de lavar foram aumentados. 

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Canadá, Japão e Coreia do Sul, aliados dos Estados Unidos e importantes exportadores de aço e alumínio, pedem isenção da possível nova tarifa — que Trump quer justificar por motivos de segurança nacional.

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, afirmou que a justificativa "não faz sentido" e que a medida é "absolutamente inaceitável". 

A ministra canadense das relações exteriores, Chrystia Freeland, disse que o Canadá está preparado para tomar medidas responsivas para defender seus interesses comerciais. O Canadá é o maior exportador de aço para os EUA. 

Hiroshige Seko, ministro do comércio e indústria do Japão, disse em coletiva de imprensa: "Não acreditamos que as importações do Japão, um aliado, tenha algum efeito na segurança nacional dos EUA".

Um enviado comercial da Coréia do Sul reuniu-se com a equipe econômica de Trump e "exigiu fortemente" que a nova tarifa tenha o menor impacto possível nos produtos sul-coreanos, de acordo com comunicado de Seul. 

O presidente da União Europeia, Jean-Claude Juncker, afirmou que o bloco irá retaliar caso Trump cumpra a promessa. 

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Pequim tem uma série de possíveis alvos para retaliar, como o setor de soja — responsável pela maior parte das exportações estadunidenses para a China. Impactos no setor podem prejudicar eleitores de estados agrícolas, uma base eleitoral importante de Trump.

Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial da China, atrás apenas da União Europeia. As compras dos EUA representam 20% de tudo que a China exporta e operam em um superávit que compensa o déficit no comércio com outros países.

No ano passado, a China exportou mercadorias no valor de US$ 2,80 para os Estados Unidos por cada US$ 1 de produtos americanos que comprou, de acordo com dados chineses. Seu superávit comercial com os Estados Unidos foi de US$ 275,8 bilhões.

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