Na entrevista exclusiva à Sputnik Internacional ela contou sobre as principais revelações.
Se julgar várias informações da mídia, a Coreia do Norte é chamada de país paranoico com economia atrasada que ameaça a civilização. Contudo, vários especialistas que pensam desta maneira — entre eles, a Dra. Loretta Napoleoni, consideram que é o país que se desenvolve rapidamente, tem ambições de se tornar uma potência regional ou até internacional.
Homem do milênio
O fator que determina esta ascensão extraordinária é o governo de Kim Jong-un, segundo acredita a cientista. "Ele é pragmático e tem uma visão do mundo muito clara que diferencia muito a de seus antecessores. Em comparação de Kim Il-Sung que combateu o colonialismo, ou Kim Jong-il que cresceu durante a Guerra Fria, Kim Jong-un é homem milenar, ele percebe a globalização e percebe que a oposição tradicional do Ocidente e Oriente dos tempos da Guerra Fria não é mais viável".
Ela acrescenta que para sobreviver, a Coreia do Norte tem que crescer economicamente e essa foi a mensagem do líder norte-coreano desde o início. O desenvolvimento econômico é base da Coreia do Norte. Segundo os dados do Banco Central da Coreia do Sul, o PIB do Norte aumentou 3,9% em 2016, devido às indústrias energéticas e de mineração.
Além disso, Kim Jong-un renovou a doutrina nacional com tolerância para uma crescente liberalização econômica e oportunidades para os cidadãos comuns de criar o seu futuro financeiro.
Frutos da destruição
Para Dra. Napoleoni, os testes "públicos" nucleares da Coreia do Norte desempenharam um papel crucial na autonomia do país. Hoje em dia, ninguém tem dúvidas de que é o Estado que possui armas nucleares.
"É óbvio que Kim Jong-un não está interessado em efetuar o golpe nuclear primeiro — ele só quer que deixem-o em paz, o que seria sensato fazer os países ocidentais". No entanto, opina que as ambições construtivas da Coreia do Norte podem se transformar em destrutivas, pois em resposta à possível ameaça por parte de Pyongyang, o premiê japonês Shinzo Abe, anulou o Artigo 9 da constituição que reconhece a guerra como um meio ilegal da solução de conflitos e impõe restrições nas despesas militares.
Além do mais, o presidente norte-americano Donald Trump ameaçou a Pyongyang introduzindo mais sanções e classificando o país como patrocinador de terrorismo.
No entanto, a especialista acredita que já há sinais de que tal relação fria já está se esquentando.
Os Jogos Olímpicos de Inverno de 2018 produziram impressões sem precedentes — os atletas do Norte e do Sul competiram sob bandeira unificada. Kim Yo-jong também entregou um convite pessoal ao presidente sul-coreano, Moon Jae-in, para visitar Pyongyang, ao qual respondeu positivamente — um emissário especial será enviado para a capital norte-coreana. Se tudo ocorrer bem, receberão a visita do presidente do Sul.
Conforme acredita Dra. Napoleoni, estes acontecimentos são a prova de que a Coreia do Sul admite inevitabilidade da entrada da Coreia do Norte no mundo ou, pelo menos, do fato da Coreia do Norte não desistir de armas nucleares, enquanto o Ocidente insistir na mudança do regime em Pyongyang.
Para concluir, ela disse que qualquer que seja o caminho do país, é óbvio que a Coreia do Norte não será um Estado pobre e a recusa dos líderes ocidentais de favorecer o processo com meios civilizados e legais desviará o país do mercado paralelo internacional.