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Novo como partido, Frente Favela Brasil luta por igualdade entre brancos e negros

Novo como partido político, mas ainda em fase de consolidação, a Frente Favela Brasil pretende participar das eleições de 7 de outubro de 2018 embora, por questões formais, ainda não possa estar diretamente representado no pleito. Por isso, alguns de seus membros concorrerão por outras legendas.
Sputnik

As negociações começaram esta semana em conversas mantidas com representantes do PCdoB, PSOL e Rede Sustentabilidade, partidos que têm pré-candidatos à Presidência da República: Manuela d'Ávila pelo PCdoB, Guilherme Boulos pelo PSOL, e Marina Silva pela Rede Sustentabilidade. De acordo com um dos fundadores do novo partido, o empresário Celso Athayde, a Frente Favela Brasil está conversando com alguns partidos políticos que ofereceram espaço à agremiação cuja luta será pela igualdade de oportunidades entre brancos e negros.

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Nesta entrevista à Sputnik Brasil, Celso Athayde explica que a filiação dos membros da Frente Favela Brasil à outras agremiações será provisória e, tão logo o partido possa participar diretamente de eleições, seus integrantes retornarão à origem. Diz Celso Athayde:

"Sim, nós somos um partido político, respondemos como partido político, temos CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) como partido político reconhecido pelo Tribunal Superior Eleitoral e por órgãos do governo. Nós só não podemos participar do pleito deste ano porque ainda não temos as 435 mil assinaturas exigidas pelo TSE para consolidar nossa atuação. E, como não podemos participar, decidimos que alguns dos nossos quadros irão concorrer aos cargos eletivos através de outros partidos. Serão 93 pessoas. Mas tão logo possamos participar efetivamente de eleições, nossos militantes se desligarão dos partidos parceiros e retornarão ao seu partido de origem, o nosso Frente Favela Brasil."

Celso Athayde garante que não há definição sobre a quais partidos os membros da Frente Favela Brasil se vincularão para as eleições deste ano:

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"Ainda não decidimos com quais partidos nós vamos caminhar juntos nesta eleição solidária. Porque, na verdade, a gente entende que nenhum partido atende à nossa necessidade. Mesmo os partidos de esquerda o que fazem é tentar ajudar os temas do nosso debate. O que nós queremos é organizar nossas pautas próprias e o que estamos fazendo hoje é procurar entender melhor a dinâmica desses partidos que estão nos oferecendo seus espaços e, ao mesmo tempo, fazendo-os entender que nossos companheiros voltarão para nossa legenda assim que puderem concorrer, efetivamente, por ela."

O empresário afirma que a iniciativa do diálogo foi das agremiações e não da Frente Favela Brasil:

"Nós estamos conversando com os partidos que nos procuraram. A iniciativa de procurar os partidos não foi nossa até porque o entendimento seria de que, ao escolher esta ou aquela agremiação, estaríamos descartando outras agremiações. Portanto, nós estamos conversando com quem nos procurou."

Nas conversas com os possíveis parceiros políticos, Celso Athayde reafirmou a plataforma do seu partido:

"A Frente Favela Brasil tem uma única bandeira, a igualdade de oportunidades entre brancos e negros".

Para o cientista político Ricardo Ismael, Professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), o movimento caminha no rumo certo, na medida em que se apresenta como novidade no cenário político nacional: "Acho que a pauta, a bandeira da Frente Favela Brasil está em sintonia com o que o movimento negro vem defendendo e talvez eles queiram se vincular diretamente nesse tema. E, no caso, se está falando de uma frente que teria como eixo principal a igualdade racial e certamente este é um tema que ganhou corpo e tem hoje uma repercussão muito maior na sociedade do que tinha anos atrás. A aproximação com os partidos de esquerda acho natural. Desde que não conseguiram viabilizar ainda a criação do partido é importante que eles consigam ter lugar na chapa, ou seja, que tenham vagas que possam ser ocupadas por esses possíveis candidatos dessa Frente Brasil para que, futuramente, quando o partido vingar, esses deputados, caso sejam eleitos, possam migrar para o futuro partido."

Ricardo Ismael completou dizendo que "existe hoje uma necessidade de renovação, isso é um anseio da sociedade que está sendo expresso nas pesquisas, a ideia de renovação, e a questão da representação da população negra, eu acho que também é hoje um tema [importante], em alguns estados principalmente, como é o caso aqui do Rio de Janeiro onde a Frente Brasil parece que nasceu e portanto há espaço razoável para que esse projeto possa ir adiante".

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