A iniciativa de uma base de lançamento em solo australiano partiu da Agência Espacial do Estado da Ucrânia. De acordo com a declaração do embaixador Nikolai Kulinich, o projeto demandará cinco anos e investidores poderiam assumir o financiamento, assim como países vizinhos e aliados da Austrália.
"A Ucrânia está pronta para lançar foguetes de imediato se tivermos um lugar. Oferecemos nossos colegas experientes e conhecimento na área, enquanto a Austrália tem o lugar propício para isso", frisou o embaixador.
Kiev está em negociação com Canberra sobre a cooperação na área espacial desde 2016. A proposta é construir a base de lançamento perto da base aérea de Curtin, no oeste do continente. Considera-se que pode ser interessante para os lançamentos comerciais do Japão, Singapura, Coreia do Sul e Indonésia.
A Austrália já tem sua base espacial de lançamento. Um satélite foi lançado do campo de teste de Woomera em 1967. Foram realizados seis lançamentos espaciais no total, sendo que quatro foram emergências.
O campo de teste australiano foi fechado em 1976 devido à inviabilidade lucrativa e todo o equipamento foi preservado. Posteriormente o campo foi utilizado para lançamentos de foguetes de sondagem.
Em novembro de 2017, o presidente ucraniano Pyotr Poroshenko proclamou seu país como potência espacial. Ele enfatizou que durante os últimos dois anos, a Ucrânia teve grandes sucessos na exploração espacial e participa ativamente de todos os programas de pesquisa. No entanto, não mencionou os escândalos e falhas na indústria aeroespacial.
Brasil e Ucrânia assinaram um acordo em 2003 referente à Cooperação de Longo Prazo na Utilização comercial do centro de lançamento de Alcântara, no estado do Maranhão. Mas o projeto ambicioso foi um fracasso.
Mesmo com o final desastroso do projeto, Kiev não tirou as conclusões necessárias. Anatoly Tsyganok, chefe do Centro de Projeção Militar, explicou à Sputnik que Kiev não consegue se conter com os sucessos de Moscou.
A Rússia tem duas bases de lançamento espacial próprias, os cosmódromos de Plesetsk e de Vostochny, além de alugar o cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão. Há também o cosmódromo para lançamento dos foguetes Soyuz-ST em Kourou, na Guiana Francesa. Moscou consegue construir e manter as bases e colabora com parceiros estrangeiros.
"A Ucrânia não dispõe da mesma experiência. Duvido que ela seja capaz de erguer o cosmódromo do zero", disse o especialista.
Como herança da União Soviética, a Ucrânia recebeu um terço da indústria aeroespacial e potencial científico, inclusive a fábrica da Yuzmash em Dnepropetrovsk.
Esse gigante industrial fabricava equipamentos de defesa, incluindo a montagem dos famosos mísseis balísticos intercontinentais "Satã". É evidente que a fábrica poderia trabalhar somente em cooperação mútua com as fábricas russas.
Depois dos acontecimentos de fevereiro de 2014, as cadeias de produção foram cortadas e o espaço industrial foi alugado para atender as necessidades agrícolas.
Durante o período soviético, 40 mil pessoas trabalhavam na fábrica da Yuzmash. Em 2015 havia somente 10 mil. Muitos construtores de foguetes ucranianos foram para a Rússia. Hoje, a Yuzmash possui cerca de 2 mil trabalhadores que conseguem montar anualmente apenas a etapa inicial de um veículo lançador.