"A transição para o comportamento mais sofisticado, que requeria maiores habilidades mentais e vida social mais complexa, poderia ter sido o avanço que distinguiu a nossa linha de outros humanos primitivos", afirma Rick Potts, diretor do Programa de Origens Humanas do Museu Nacional da História Natural dos EUA.
Os artefatos que levaram os cientistas a essa conclusão foram encontrados na jazida de Olorgesailie, no Quênia atual. A primeira evidência de vida humana nesse lugar provém de há cerca de 1,2 milhão de anos. Durante centenas de milhares de anos, as pessoas que viviam lá fabricavam e utilizavam grandes ferramentas de corte de pedra chamadas ‘hand axes' (martelos de mão, em inglês). A partir de 2002, Potts e a sua equipe descobriram na bacia uma variedade de ferramentas mais pequenas e de forma mais cuidada.
Cerca de 320.000 anos atrás as pessoas na África Oriental começaram a produzir ferramentas sofisticadas como estas. Muitas foram desenhadas para se fixar a um cabo e potencialmente usadas como projéteis de armas, enquanto outras tinham a forma de raspadores e furadores.
Até agora se considerava que datavam de uns 60.000 anos, mas a datação isotópica revelou que as ferramentas foram fabricadas entre 305.000 e 320.000 anos atrás.
O mistério aumenta, pois não foram encontrados fósseis de homens no local, por isso continua sendo desconhecido exatamente que espécie usava estas ferramentas. Os restos mais antigos de Homo sapiens conhecidos têm uns 315.000 anos de antiguidade, por isso podia se tratar de outros homens mais antigos, como Homo heidelbergensis, vastamente espalhado por África e Europa na época.
Por centenas de milhares de anos, as pessoas que viviam na bacia de Olorgesailie usavam ferramentas de corte de pedra chamadas martelos de mão.
A equipe também descobriu pedras negras e cor-de-rosa nestes sítios, junto com a evidência de que elas foram processadas para serem usadas como tintas. O uso simbólico de pigmentos requer uma mente capaz de entender abstrações, apontam os investigadores, o que aproxima essa espécie muito do nosso pensamento moderno e a faz altamente desenvolvida para a sua época.