Os violentos comentários antes do lançamento de um plano para a paz entre Israel e os palestinos, orquestrado por Trump, o qual Abbas promete boicotar por conta do controverso reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel feito pelos EUA.
"O embaixador dos EUA em Tel Aviv é um colonizador e um filho de um cachorro", disse Abbas em comentários aos líderes palestinos em Ramallah.
As relações entre o governo de Abbas e a administração de Trump estão em queda livre desde que a Casa Branca reconheceu Jerusalém como a capital de Israel em dezembro. Os palestinos também veem a cidade em disputa como a capital do seu futuro Estado e se recusaram a se encontrar com os enviados de Trump desde então.
Friedman, que era o advogado pessoal de Trump antes de ser nomeado no ano passado, é um defensor de longa data da construção de assentamentos na Cisjordânia ocupada, atitude considerada ilegal de acordo com o direito internacional.
Em resposta a Abbas, Friedman, que é judeu, disse a uma conferência que os comentários de Abbas poderiam ter conotações antissemitas.
"Sua resposta foi referir-me como filho de um cachorro. É esse antissemitismo ou discurso político? Deixo isso para vocês", afirmou ele, de acordo com uma porta-voz da embaixada dos EUA.
Os comentários de Abbas pareciam ser em resposta a um tweet de Friedman postado na segunda-feira. Nele, o embaixador dos EUA se referiu a um ataque na Cisjordânia como "no norte", levando questões sobre se ele a via como parte do território israelense e acusou a Autoridade Palestina de Abbas de não condenar.
"Tal brutalidade e nenhuma condenação da [Autoridade Palestina]!", tuitou, referindo-se a um carro que na sexta-feira que atropelou dois soldados, e a um esfaqueamento no domingo em Jerusalém, que deixou um israelense morto, ambos realizados por palestinos.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, denunciou ainda mais as declarações de Abbas no Twitter.
"Pela primeira vez em décadas, a administração dos EUA parou de cuidar dos líderes palestinos para diz-lhes ‘isso é o suficiente’. Aparentemente, o choque da verdade levou-os a perder a cabeça", comentou.
Israel ocupou militarmente Cisjordânia e Jerusalém Oriental desde 1967. O governo de Abbas tem autonomia limitada em partes da Cisjordânia, enquanto o Estado judeu anexou Jerusalém Oriental em um movimento nunca reconhecido pela comunidade internacional.
Todos os países atualmente têm suas embaixadas em Tel Aviv e veem o futuro status de Jerusalém como uma questão a ser negociada entre as partes. Mas em dezembro, Trump reconheceu Jerusalém como a capital de Israel e, em maio, Friedman se tornará o primeiro embaixador dos EUA na cidade à medida que a embaixada se mudar.