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'Brasil será equilíbrio que ONU quer', diz analista sobre volta ao Conselho de Segurança

A possibilidade do Brasil antecipar em 11 anos o seu retorno ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), a partir de 2022, pode dar o equilíbrio e moderação que a entidade hoje precisa, de acordo com um especialista ouvido pela Sputnik Brasil.
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Para o professor de Relações Internacionais Ricardo Cabral, pesquisador da Escola de Guerra Naval, no Rio de Janeiro, tal retorno é de grande relevância para o Brasil, já que o país poderá se destacar atuando como um poder moderador entre as demais nações.

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"Hoje estamos numa situação em que a simples presença do Brasil no Conselho de Segurança da ONU equilibra esse conselho. Por quê? Porque o Brasil, mesmo com uma diplomacia atual menos assertiva do que as diplomacias anteriores, tem funcionado como uma voz de equilíbrio e moderação", afirmou.

Por meio de um acordo com Honduras, o Brasil antecipou em 11 anos o seu retorno ao Conselho de Segurança da ONU. Esta volta, que somente aconteceria no período 2033-2034, ocorrerá durante os anos 2022-2023. De acordo com o ministro de Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, "com este acordo, o Brasil se candidatará para a vaga do conselho destinada aos países da América Latina e do Caribe".

Ricardo Cabral relembrou que a presença brasileira nesse conselho "é uma política de Estado", e que o projeto de reforma do Conselho de Segurança da ONU foi uma das bandeiras colocadas "em um primeiro plano" pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Por essa reforma, o Brasil se tornaria um membro permanente ao lado de um país da Ásia (possivelmente o Japão), mais um ou dois das América e, possivelmente, mais um europeu (a Alemanha como favorita). Por ora, EUA, Rússia, China, França e Reino Unido compõem o grupo de membros permanentes e com direito a veto no conselho, e a reforma gera polêmica.

Embora o acordo com Honduras venha como um vento de incentivo ao Itamaraty, a atual presença do Brasil na arena internacional durante o governo do presidente Michel Temer merece ressalvas quando o assunto são os pleitos brasileiros no exterior.

"O governo Temer, por sua vez, não tem o prestígio internacional dos governos anteriores e, até hoje, enfrenta as repercussões decorrentes de todo processo de substituição da presidente Dilma [Rousseff]", explicou Cabral, que apesar disso elogiou a iniciativa brasileira em antecipar o retorno ao Conselho de Segurança da ONU.

"Foi muito inteligente essa manobra da diplomacia do Brasil de obter de Honduras um acordo para antecipar em onze anos o retorno do país ao Conselho de Segurança da ONU. Isso reforça a minha tese de que o Brasil deve representar para as Nações Unidas uma voz de equilíbrio no concerto mundial", continuou.

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Segundo o pesquisador, não há dúvidas de que, desconsiderando os aspectos políticos, o Brasil está consolidado dentro de suas parcerias internacionais, e que isso deve ser considerado decisivo para sua futura atuação nas Nações Unidas – aqui incluído o papel no conselho.

"O Brasil tem um bom cacife entre os grandes países da ONU. Somos parceiros destes países membros permanentes do Conselho de Segurança e temos excelentes relações com países da África e da América do Sul. Isto acentua o poder moderador do Brasil diante das demais nações", concluiu.

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