"Qualquer um que se aproxime da cerca colocará em risco suas vidas", disse Liberman em mensagem de vídeo para o jornal Jerusalem Post, a partir do Kibbutz Holit, perto do sul da Faixa de Gaza. Liberman enfatizou que todos os manifestantes enfrentariam franco-atiradores israelenses.
A advertência veio apenas algumas horas depois que um palestino, Ahmad Arafeh, foi vítima de tiros israelenses ao longo da fronteira com Gaza, elevando o número de mortos para 18 desde sexta-feira, quando cerca de 30.000 palestinos começaram a protestar.
Uma campanha de seis semanas chamada "A Grande Marcha de Retorno" é um protesto contra os assentamentos israelenses no antigo território palestino, que são agora parte de Israel. Um número de manifestantes se aproximou da fronteira, alguns jogando pedras, e os israelenses responderam com gás lacrimogêneo, tiros e tanques.
O derramamento de sangue provocou preocupação internacional e condenação. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, a chefe de política externa da União Europeia (UE), Federica Mogherini, e a organização de direitos humanos Anistia Internacional pediram uma "investigação independente e transparente".
No entanto, todos os apelos por uma investigação independente sobre os incidentes ao longo da fronteira de Gaza foram rejeitados por Liberman. O ministro disse que as tropas agiram apropriadamente e atiraram apenas contra manifestantes palestinos que representavam uma ameaça. A Força de Defesa Israelense (IDF) afirmou que todos os palestinos que foram mortos a tiros na fronteira eram combatentes do Hamas.
A Human Rights Watch (HRW) definiu tais alegações como tentativas de "justificar assassinatos de outra forma ilegais". Os palestinos disseram que os manifestantes eram refugiados desarmados e indefesos, pois alguns deles exigiam o direito de voltar para o território atualmente ocupado por Israel, que foi perdido durante a guerra árabe-israelense de 1948. O território foi ocupado pelo Estado de Israel desde o momento de sua formação.
Antes dos protestos que se desenhavam na sexta-feira, o Ministério de Relações Exteriores de Israel divulgou um vídeo no qual advertiu que o Hamas está "preparando-se para violentos distúrbios e combates armados na fronteira israelense na próxima sexta-feira".
Além de ser uma mensagem do ministério, o vídeo afirma que os palestinianos "são violentos manifestantes, não manifestantes pacíficos".
#Hamas in #Gaza is preparing for violent riots and armed combat on the Israeli border this coming Friday.
— Israel Foreign Min. (@IsraelMFA) 3 de abril de 2018
How do we know? Watch: pic.twitter.com/nImQ59NHa1
Durante sua visita à fronteira da Faixa de Gaza, o ministro da Defesa disse que os manifestantes "não eram civis inocentes que vieram protestar". Liberman disse ao Jerusalem Post: "A maioria dos que foram mortos são terroristas conhecidos que estão ativos na ala militar do Hamas ou na Jihad Islâmica".
O vice-diretor da HRW para o Oriente Médio, Eric Goldstein, rebateu: "Os soldados israelenses não estavam apenas usando força excessiva, mas aparentemente agindo sob ordens que asseguravam uma resposta militar sangrenta às manifestações palestinas".
A organização pediu ao governo israelense que reconheça que "mesmo na ausência de uma supervisão doméstica séria, os funcionários que ordenam força letal ilegal podem ser submetidos a processos no exterior como uma questão de jurisdição universal ou em fóruns judiciais internacionais".