No decorrer da investigação, foram avançadas várias versões, até o rapto do submersível por forças estadunidenses. O colunista da Sputnik Vadim Saranov analisa a última missão do Schuka (como era conhecido) e o que poderia ter lhe sucedido.
Última comunicação
No início da década de 50, o S-117 já não era um navio jovem, pois tinha saído às águas do Pacífico ainda em 1934. Passados dois anos, a tripulação realizou uma missão recorde com autonomia de 40 dias, superando duas vezes o prazo normal.
Apesar da sua "idade avançada", o navio estava efetuando um serviço bastante intensivo para a época; por exemplo, no ano da catástrofe, a tripulação S-117 passara 72 dias no mar e efetuara 200 imersões.
A Marinha da URSS ficou em alerta apenas passado um dia, quando o navio não respondeu a várias solicitações do posto de controle costeiro. A operação de resgate contou com a participação de vários draga-minas e navios de resgate, tropas fronteiriças e outros efetivos.
Entretanto, nunca foram achados nem o submarino, nem o mínimo vestígio da catástrofe, como manchas de combustível na água ou outros.
Sumiço sem vestígios
Uma das principais versões sobre o naufrágio do Schuka é a sua colisão com um navio de superfície ou algum navio civil. Porém, a tripulação do navio Gornozavodsk que estava perto do suposto local da catástrofe refutou essa versão, enquanto a inspeção do navio também não providenciou nenhumas provas.
Também foi considerada a versão da explosão de uma mina, detectada na região no primeiro dia de manobras. Entretanto, ninguém viu nem ouviu qualquer explosão. Além disso, neste caso o incidente teria deixado alguns destroços ou objetos, que nunca apareceram.
Claro que também se tomou em consideração o chamado "fator humano", ou seja, possíveis erros da tripulação durante a imersão e as manobras. Porém, segundo as avaliações do comando, o comandante Krasnikov e os outros oficiais do submarino estavam muito bem preparados para os treinamentos.
Sem americanos
A versão mais "exótica" que também foi considerada pela comissão foi o rapto deliberado do navio pelos EUA ou Japão. Vale ressaltar que as relações entre os EUA e a URSS na época eram bastante tensas. A península da Coreia estava mergulhada em guerra, os incidentes marítimos e aéreos envolvendo os dois países ocorriam com frequência.
Contudo, de acordo com os serviços secretos, não foram detectadas nenhumas atividades da Marinha dos EUA no mar de Okhotsk nesse período, enquanto o estado moral da tripulação soviética estava "a alto nível", resumiu a comissão.
A catástrofe do S-117 levou as vidas de 52 marinheiros. Ao analisar os resultados da investigação, Stalin se limitou a "repressões simbólicas", ressalta o autor, ou seja, ordenou várias demissões na elite militar do país. O mundo ocidental também registrou várias catástrofes do mesmo tipo. A mais recente delas foi o desaparecimento do submarino argentino ARA San Juan, cujas buscas continuam até hoje.